Publicado por: Rudolfo Lago | 11 dez 2023
Quer ser vice-presidente da Caixa Econômica Federal? O banco abriu processo seletivo para ocupar cinco dos cargos que o Centrão ambiciona. Podem participar não apenas servidores da Caixa. As inscrições vão até o dia 13 de dezembro. Depois, há análise dos currículos e entrevista com o presidente do banco, Carlos Vieira. Na verdade, é tudo mera formalidade. Protocolo legal que é exigido. As 12 vice-presidências da Caixa serão loteadas entre os partidos do grupo que é comandado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que já indicou o atual presidente. Formalmente, porém, os nomes saem desse processo seletivo, como exigência legal. No fundo, porém, iniciar o processo seletivo é uma forma de pressão.
O Centrão pediu o banco em troca dos votos para aprovar a reforma tributária e o arcabouço fiscal no primeiro semestre. O governo não faz as indicações, e o Centrão começa a se impacientar com essa demora. Carlos Vieira tomou posse em novembro.
A troca na Caixa só acabou acontecendo depois da irritação de Arthur Lira com uma exposição de arte que continha um quadro no qual, em um dos recortes, ele aparecia dentro de uma lixeira. Diante da repercussão, o presidente Lula tirou Rita Serrano e nomeou Vieira.
O PT está gostando: “Esse cara é mais nós do que nós”
No final, o PT parece estar gostando de Carlos Vieira. “Esse cara é mais nós do que nós”, disse sobre ele uma autoridade petista. No fundo, é porque Vieira parece ter o gosto pela política que Rita Serrano, servidora de carreira do banco, não demonstrava. E a Caixa, no fundo, é bem mais que um banco. Uma das principais ferramentas de financiamento social do governo, a Caixa tem um lado político muito forte. Financia, por exemplo, o grande programa habitacional do país, o Minha Casa, Minha Vida. Segundo informações, Vieira está fazendo o que Rita não fazia: reuniões e agendas com políticos, discussões sobre recursos e programas.
Na avaliação de uma fonte, a falta de habilidade política acabou fazendo com que aumentasse a pressão do Centrão pelo banco. “A postura da Rita fez o governo perder a Caixa”, diz a fonte. “O Centrão sentiu o cheiro de sangue e foi em cima sem dó”, avalia.
O problema, agora, é resolver a série de promessas de segundo escalão. Não somente na Caixa. O Congresso batalhou a recriação da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Mas ali as indicações também não aconteceram. De olho ali, estão o PSD, o PP e o Republicanos.
Envolveu-se diretamente na recriação da Funasa o deputado Danilo Forte (União-CE). Que é agora o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). No Congresso, os atrasos nessas indicações criam um clima de animosidade que atrasa a análise dos projetos do governo.
Como contávamos aqui na edição de ontem, os parlamentares planejam alguns trocos. E há uma variedade de possibilidades à escolha, uma vez que a pauta de interesse do governo concentrou-se e ainda há uma série de projetos, vetos e outros temas a aprovar.