Publicado por: Rudolfo Lago | 5 dez 2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode exigir mais pressa e torcer o nariz para o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. A despeito das insatisfações de Lula, o ritmo de queda da taxa de juros não irá mudar. Em reunião nesta terça-feira (5) com parlamentares da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, porém, o próprio Campos Neto sinalizou que haverá nova queda de 0,5% na taxa básica de juros na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) nas próximas terça (12) e quarta-feira (13). O ritmo de queda, porém, segundo ele, será esse, em princípio nem mais rápido nem mais lento. “Estamos no caminho certo. Mas a batalha da inflação ainda não está ganha”, disse o presidente do BC.
Lula tem cobrado um ritmo mais acelerado para a queda dos juros, pois entende que eles acabam travando investimentos, a atividade econômica e as entregas do governo. Reclama de Campos Neto. Mas ele tem mandato. E a decisão do Copom não é só dele, é colegiada.
Campos Neto disse aos parlamentares que há uma expectativa de desaceleração da economia global em 2024, o que torna necessário perseguir o equilíbrio fiscal. O presidente do BC alinha-se, assim, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Expectativa do mercado está “desancorada” do governo
Na prática, segundo Campos Neto, o problema principal parece residir em certa falta de confiança do mercado com relação ao que promete o governo. Campos Neto não disse, mas essa desconfiança talvez decorra exatamente desse “fogo amigo” que Haddad enfrenta nos seus esforços por equilíbrio fiscal. O presidente do BC usou o termo “desancorada” para definir as expectativas do mercado e do governo. “O mercado entende que o fiscal vai ser pior do que o governo promete. A expectativa está desancorada”, afirmou. Em resumo, o presidente do Banco Central afirmou que ninguém acredita de fato na meta fiscal de déficit zero.
Na linha do esforço para aumentar a arrecadação e obter o equilíbrio, Haddad aposta na MP 1185, que limita a possibilidade de estados e municípios concederem subsídios fiscais, no ICMS, por exemplo. Para isso, porém, ele não vai contar com a Frente do Empreendedorismo.
A frente considera a MP inconstitucional e alega que ela provoca insegurança jurídica para os estados e municípios. Assim, trabalha para derrubá-la quando chegar o momento da votação em plenário. Haddad estima R$ 35 bilhões de arrecadação com a MP.
A votação do PL das Apostas Esportivas será adiada novamente. De acordo com informação da assessoria do senador Ângelo Coronel (PSD-BA), o Senado manteve o PL na pauta. Mas, aberta a sessão na quarta (6), será pedido adiamento para a semana que vem.
A propósito, o assessor de comunicação de Ângelo Coronel, o jornalista e escritor André Giusti, lança no sábado (9) seu novo livro de contos, “As Filhas Moravam com Ele”. É o décimo livro de Giusti. A noite de autógrafos será no bar Beirute da Asa Norte, em Brasília.