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O jogo de sedução de Dino no Senado

Publicado por: Rudolfo Lago | 29 nov 2023

Alto e de físico avantajado, o ministro da Justiça, Flávio Dino, ainda alarga mais o espaço abrindo amplamente os braços, com um sorriso ao ver no corredor o senador Humberto Costa (PT-PE). Magro e baixinho, Humberto quase desaparece no abraço. “Eu vou votar em você”, diz Humberto. “Estava em dúvida. Agora, não estou mais, não”, brinca Dino. O encontro do ministro indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) com o senador petista na manhã de quarta-feira (29) resume o jogo de sedução. Ele começou seu périplo pela sua própria base. Para mapear os votos que já terá de saída. E, então, garimpar o que for necessário além disso depois. É nesse ponto que a estratégia de sedução se sofistica. Como narrou um assessor do governo.

Ivete

Na manhã de quarta, Dino já esteve, por exemplo, no gabinete da senadora Ivete da Silveira (MDB-SC). Ela entrou como suplente do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, bolsonarista e de oposição. Mas Dino trabalha para tentar obter seu voto favorável no plenário.

Luiz Henrique

Ivete é suplente de um político de oposição, e prometeu seguir a linha defendida pelo hoje governador. Mas ele é viúva do ex-senador e ex-governador Luiz Henrique da Silveira. E foi por aí que Flávio Dino trabalhou o jogo de sedução para encantar Ivete da Silveira.

Ministro precisa atuar na zona cinzenta

Segundo a fonte do governo, Dino chegou ao gabinete de Ivete da Silveira acompanhado da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), uma mulher para ciceronear a visita a uma outra mulher em uma indicação que mulheres têm criticado por diminuir a representação feminina no STF. E passou a discorrer, então, sobre o MDB histórico, do qual Luiz Henrique fazia parte. O ex-governador era um dos integrantes do “Clube do Poire”, os amigos mais próximos do ex-presidente da Câmara Ulysses Guimarães, que tomavam com ele um licor de pêra nas noites depois das sessões no restaurante Piantella, antigo reduto dos políticos em Brasília.

Aproximação

Ivete acompanhou toda essa trajetória de Luiz Henrique. Por esse processo, Dino a encantou. Se terá ou não o seu voto, a fonte do governo ainda não contabiliza. Pela delicadeza da situação em Santa Catarina, a senadora não declarou seu voto. Está na zona cinzenta.

Fiéis

Os fiéis da balança na votação serão justamente os senadores que não estão nem entre o governismo raiz nem na oposição radical. Votos que o governo terá que mapear com muito cuidado. Porque a votação é secreta, tanto na CCJ quanto depois no plenário do Senado.

Declaração

Por conta de delicadezas, como no caso de Ivete da Silveira, boa parte desses senadores não irá declarar seu voto, nem contra nem a favor. Então, há sempre uma boa possibilidade de surpresa que o governo terá de encontrar um meio de mapear para não produzir surpresas.

Zanin

O governo faz seu mapa tomando como base a votação de Cristiano Zanin, que chegou rodeado de polêmica por ser advogado pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao final, depois do plériplo junto aos senadores, ele obteve 56 votos. Mas Dino é mais polêmico.

Rudolfo Lago