Publicado por: Rudolfo Lago | 23 jan 2024
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pode hoje não ser voz ativa tão importante dentro do PT e do governo, depois de tudo o que aconteceu com ele após o julgamento do Mensalão. Dirceu foi cassado, condenado, preso. Hoje não tem cargos no novo governo Lula. Mas ainda é influente tanto no partido quanto no governo. No sábado (13), Dirceu deu entrevista para um podcast do PT. E alertou para o crescimento da direita. Um fenômeno que não é somente brasileiro. No podcast, Dirceu avalia que, na disputa nacional, “a direita está ganhando”. Na sua avaliação, os partidos conservadores estariam hoje à frente do que ele chama de “disputa político-cultural”. De fato, o quadro das primeiras pesquisas este ano projeta esse avanço.
No final do ano, primeiro levantamento feito pelo Correio com base nas pesquisas disponíveis mostra os partidos de centro e direita à frente da disputa pelas prefeituras. Onze candidatos identificados como de centro lideram. E outros 11 mais identificados como direita.
O PT, por exemplo, não lidera em nenhuma das capitais. Há nomes de esquerda à frente de partidos aliados, como o PSB. E especialmente há o caso de São Paulo, a principal cidade brasileira, onde lidera, com o apoio do PT, o deputado Guilherme Boulos, do Psol.
Avanço de Trump também precisa ser observado
No fim de semana, mais um nome do partido Republicano desistiu da disputa interna no partido para as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Desta vez, foi o governador da Flórida, Ron DeSantis. Seu argumento baseia-se no avanço do ex-presidente Donald Trump. Resta na disputa republicana agora a ex-embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU) Nikki Haley. Mas a avaliação que se faz é que a maioria dos ex-apoiadores de DeSantis deverá ir para Trump. Se a justiça não barrar a candidatura do ex-presidente (já há decisões de dois estados), há quem avalie que Trump poderá até não ter adversário na disputa no partido.
Toda essa situação movimenta por aqui os conservadores. O PL, já se sabe, tem planos de eleger mais de mil prefeitos. Agora, o Republicanos também começa a se mover. O partido tem planos de usar a senadora Damares Alves (DF) como cabo eleitoral.
Parte do Republicanos quer se aproximar do governo. E Damares trabalhará na direção oposta. Na terça (22), ela divulgou nota em que nega que iria tirar licença do Senado para atuar na disputa municipal. Mas, na nota, ela reforça: ela escolherá nomes para apoiar.
O Republicanos ainda não definiu a estratégia. Nem os nomes próprios que irá lançar. Mas trabalha alianças especialmente com o PL e o PP. Da mesma forma, Damares tentará tirar o PP de Arthur Lira (AL) dos braços do governo, pressionando por nomes de oposição à direita.
Tudo isso significa jogo jogado para a oposição? Certamente que não. O governo Lula tem força. Além de São Paulo, trabalhará outros municípios. E tentará também inverter o jogo, trazendo para si aliados mais conservadores. Um exemplo: Eduardo Paes (PSD) no Rio.