Nas conversas anteriores à decisão que tomou, apurou o Correio Político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse tanto para o ministro da Justiça, Flávio Dino, quanto para o advogado-geral da União, Jorge Messias, que a sua escolha para o Supremo Tribunal Federal (STF) oscilava somente de fato entre os dois. Ao final, optou por Dino por uma razão: sua maior experiência política. Lula considerou que, diante do cenário político polarizado, e do peso que o STF tem em discussões importantes como, por exemplo, as ações relativas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, Dino era a melhor alternativa pelo maior peso que teria. Inclusive por ser o nome preferido de Alexandre Moraes, relator dessa investigação. Em determinados momentos, porém, a balança pendeu mais para Messias.

Oposição

Nos momentos em que a balança pendeu mais para Messias, o que Lula levava em conta era o tamanho da oposição que Flávio Dino poderia ter no Senado. Os senadores têm que ratificar a escolha, e seria uma imensa derrota caso o nome de Dino fosse rejeitado.

Contabilidade

A balança voltou a pender mais para Dino depois que a contabilidade dos votos deu segurança de que o governo teria apoio suficiente no Senado para aprovar a indicação do ministro da Justiça. A partir daí, Dino consolidou-se. E Messias passou a entrar nas contas para a Justiça.

Justiça era uma posição que Messias não almejava

O coração de Lula na substituição de Dino na Justiça sempre bateu em favor de Ricardo Lewandowski. Mas, enquanto o ex-ministro do Supremo não aceitava o convite, o presidente precisava considerar outras opções. E Messias era uma delas. No caso, porém, ao contrário do STF, a Justiça não era um desejo de Jorge Messias. Ele iria, caso fosse escolhido, porque tende a aceitar as missões que lhe dão. Mas sua preferência, nessa hipótese, era permanecer na AGU. Argumentava que passou 2023 arrumando a casa e que agora poderá de fato acelerar ações. Na Justiça, ele teria de começar a arrumação de novo. Nesse sentido, o advogado-geral da União diz-se satisfeito em permanecer no cargo.

Jovem

Jorge Messias tem apenas 43 anos. De fato, sua juventude acabou pesando de forma contrária para vir a assumir um cargo do porte do STF no delicado momento político que o país ainda atravessa. Messias compreendeu a escolha de Lula. E diz que não tem pressa.

Tempo

Não apenas por sua juventude, Messias considera que há tempo para alçar voos maiores. No seu horizonte, ele diz confiar que a nova etapa do PT no poder ultrapassará estes atuais quatro anos de Lula. Ou o presidente será reeleito ou fará provavelmente seu sucessor.

Avanço

Ter sido cogitado agora para o STF e a Justiça já é um avanço grande para o procurador da Fazenda nacional que antes ganhara notoriedade por aparecer na conversa de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff, que o ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro vazou.

“Bessias”

Na transcrição, ele aparecia erradamente grafado como “Bessias”. Dilma negociava nomear Lula seu ministro para que ele ganhasse foro e pudesse escapar da condenação que o levou à prisão. “Fala com o Messias”, diz Dilma a Lula. Ele era então subchefe da Casa Civil.