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Brasileiros repudiam 8/01. Mas dividem-se sobre punições

Publicado por: Rudolfo Lago | 10 jan 2024

O Instituto Atlas divulgou uma pesquisa sobre o 8 de janeiro. E ela mostra como, com relação aos lamentáveis atos ocorridos há um ano na Esplanada dos Ministérios, caminha-se no fio da navalha neste complicado país polarizado. Segundo a pesquisa, os brasileiros repudiam as invasões e depredações ocorridas naquele dia. Mas, ao mesmo tempo, percentual significativo considera que as punições que vêm sendo impostas aos responsáveis pelos atos têm sido exageradas. É um reflexo da divisão do país, que mostra como o 8 de janeiro de 2023 permanece no imaginário brasileiro como um dia que não terminou. E que deverá passar por todo este novo ano de 2024 sem terminar também, refletindo nas próximas eleições.

Discordância

O Atlas ouviu 1.200 pessoas por recrutamento digital entre os dias 7 e 8 de janeiro. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais. Segundo a pesquisa, 74,2% dos entrevistados discordam do que houve no ano passado. E 14,6% concordam. Não sabem, 11,2%.

Injustificado

Se os atos eram ou não justificados, o percentual já diminui. Para 59%, foram completamente injustificados. Para 15%, foram parcialmente justificados. E para 13,6%, completamente justificados. Portanto, 28,6% encontram alguma razão para o que aconteceu.

Maior parte considera Bolsonaro o responsável

Um percentual de 52% dos entrevistados considera que o ex-presidente Jair Bolsonaro seria o responsável pelo que aconteceu no 8 de janeiro. Contra 44% que discordam da sua responsabilidade. Assim, percentual semelhante (52,8%) considera que ele deveria sofrer alguma punição (contra 43,3% que discordam). Os que concordam quanto à punição divergem sobre qual seria. Nesse grupo, 53,4% acham que ele deveria ser preso. Para 53,1%, deveria perder os direitos políticos e ficar impedido de disputar eleições. E 14,2% acham que ele deveria pagar uma multa. Para 9,6%, deveria ser ainda algum outro tipo de punição.

Exagero

Essa divisão de posições talvez explique o posicionamento do brasileiro quanto às punições que têm sido impostas pela justiça. Por enquanto, só houve 30 condenações. A penas que chegaram a mais de 17 anos de prisão. Para 42,8%, tais punições foram exageradas.

Adequadas

Mas, para 36,1%, as penas foram adequadas. E há ainda um percentual de 14,2% que acham que as punições foram insuficientes. Queriam, portanto, condenações ainda maiores. Se tais percentuais forem somados, há uma concordância quanto às punições em 50,3%.

Golpe

A pesquisa aborda a interpretação sobre se o que houve há um ano foi ou não tentativa de golpe. E essa não é a visão da maioria. Somente 18,8% consideram essa hipótese. Para 34,2%, foi fruto de fanatismo político. E 20,8% acham consequência de fraude eleitoral.

Risco

Mas, na visão da maioria, a democracia brasileira correu, sim, grave risco há um ano. Essa é a opinião de 43,3%. Na visão de 27,7%, não correu risco nenhum. E para 15,9%, houve risco, mas não tão alto. Para 56,8%, as eleições de 2022 e a vitória de Lula foram legítimas.

Rudolfo Lago