Comunicação além da mídia

BlogCorreio Político

Renan Calheiros: Lula foi ‘Barrichello’ com Braskem

Publicado por: Rudolfo Lago | 13 dez 2023

Depois da reunião na manhã de terça-feira (12), quando Luiz Inácio Lula da Silva reuniu os grupos antagônicos de Alagoas para uma conversa, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) comentava que o presidente tinha sido meio “Barrichello”, se a tentativa era a essa altura evitar a CPI da Braskem. Uma alusão à injusta pecha pespegada no ex-piloto de Fórmula Um, dono de dois vice-campeonatos mundiais e 11 vitórias. Mas, para Renan, tentativa atrasada. Desde outubro, o senador conseguira 45 assinaturas para instalar a CPI. Sem os apoios do PT (com exceção do gaúcho Paulo Paim) e do PSD, os dois principais partidos da base. Assim, ainda que quisesse, de onde Renan conseguiria retirar assinaturas para agora evitar a CPI?

Crime

Além disso, os acontecimentos das últimas semanas, quando estourou a Lagoa do Mandaú e intensificou-se a quantidade de terremotos e rachaduras pela exploração do sal-gema em Maceió, tornaram impossível justificar um recuo. Para Renan, houve um crime.

Responsabilizar

Um crime que precisa de responsabilização de quem o cometeu. E o senador não tem dúvida de que foi a Braskem, a mineradora que teria explorado as minas sem o devido cuidado, criando um enorme desastre ambiental, com grandes prejuízos para a capital de Alagoas.

Reunião duríssima, com acusações e dedos na cara

“Você é, por acaso, advogado da Braskem?” A frase que Renan dirigiu na reunião para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, mostra quão tensa foi a conversa. Renan insinuava que Costa e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), tentavam defender a mineradora, cuja maioria pertence à Novonor, novo nome da Odebrecht, que é uma empresa da Bahia, estado de ambos. Houve troca dura de acusações também com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL) sobre o acordo que a prefeitura fez com a Braskem, pelo qual a empresa pagou R$ 1,7 bilhão de indenização pelo desastre. Para Renan, o acordo foi lesivo população.

Documentos

O senador mostrava documentos que apontavam que a prefeitura cedeu à empresa os bairros afetados, sem um compromisso de indenização às famílias afetadas. Em troca, a empresa deveria fazer a revitalização. Mas poderia vir a lucrar mais tarde imobiliariamente.

Briga

O fato é que pacto nenhum foi firmado. A CPI foi instalada, embora só irá de fato começar seus trabalhos no ano que vem. E ela repetirá a dupla que comandou a CPI da Covid. Novamente, o presidente será Omar Aziz (PSD-AM) e outra vez o relator será Renan Calheiros.

Célia livre

A deputado Célia Xakriabá (Psol-MG) livrou-se ontem do processo que era movido contra ela no Conselho de Ética da Câmara. Por 12 votos a 1, o conselho arquivou o processo, que era movido pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O relator foi Paulo Magalhães (PSD-BA).

Assassinos

Valdemar entrara com o processo como reação a um discurso da deputada, indígena, que dissera que os deputados favoráveis ao Marco Temporal das terras indígenas eram “assassinos do nosso povo”. Para Magalhães, a fala não caracterizou quebra de decoro.

Rudolfo Lago