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Para pesquisador, Marta não foi a melhor escolha para vice

Publicado por: Rudolfo Lago | 22 fev 2024

Em dezembro do ano passado, o Paraná Pesquisas mostrava uma liderança bem mais folgada do deputado Guilherme Boulos (Psol) na corrida pela prefeitura de São Paulo. Na ocasião, ele aparecia com 31,1% das intenções de voto. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) tinha então 25,4%. Pesquisa agora do Paraná mostra Boulos com 33% e Nunes colado nele, com 32%. O que aconteceu entre um levantamento e outro? Entre outras coisas, o anúncio de que Marta Suplicy deixava a prefeitura de São Paulo, deixava o MDB e voltava para o PT para ser vice de Boulos. Esse deve ser considerado o fator da subida de Nunes? O diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, não crava. Mas a sua impressão é de que Marta não teria sido a escolha política certa para ser a companheira de chapa.

Ela é PT

“Ela pouco agrega à candidatura dele”, avalia Hidalgo ao Correio Político. “Se não tira votos, também não influi muito para que eles subam”. Para o pesquisador, o fato de Marta ter feito um passeio pelo conservadorismo não muda a forma como o eleitor a vê.

Ao contrário

Se fosse ao contrário, Marta talvez agregasse à candidatura de Nunes, levando para ele votos da periferia, onde ela tem força. “Mas, com Boulos, ela não é enxergada como a garantia de que ele não fará gestos extremados que assustam aos mais conservadores”.

Boulos precisaria de algo tipo a “Carta aos Brasileiros”

É algo diferente, avalia Murilo Hidalgo, das escolhas que fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições que disputou. Tanto José Alencar quanto agora Geraldo Alckmin agregavam perfis mais conservadores que passavam ao eleitor uma garantia de que Lula não iria guinar demais à esquerda. Alencar era empresário, e Alckmin alguém ligado a esse mesmo setor. Eram as encarnações do compromisso de Lula na sua primeira eleição na famosa “Carta aos Brasileiros”. Para Hidalgo, Boulos deveria ter alguém que fosse uma garantia de que não vai desapropriar imóveis, promover invasões, etc. O rosto dessa garantia para o eleitor paulistano não seria Marta Suplicy”.

Congela

Murilo Hidalgo, porém, avalia que Ricardo Nunes agora irá congelar no patamar alcançado. Não sobe mais. As cartas colocadas na disputa de São Paulo seriam essas. A incógnita seria a influência até outubro do fator Jair Bolsonaro na disputa paulistana.

Ratinho

No Paraná, por exemplo, o governador Ratinho Júnior (PSD) não deverá ir ao ato do domingo (25). Um sinal de como hoje se avalia até que ponto vale ou não vale ter a imagem colada à de Bolsonaro. Nunes irá ao ato, mas deve tentar manter certa distância regulamentar.

Tarcísio

Para Murilo Hidalgo, muito mais que Bolsonaro, o personagem nesta eleição paulistana será mais o governador de São Paulo, Tarcísio Delgado (Republicanos). É ele o nome que se beneficia mais diretamente ou não com o resultado eleitoral na capital.

PSD

Se Nunes ganha, avalia ele, haverá uma tendência de Gilberto Kassab, que é secretário de Governo de Tarcísio, colar-se a ele na próxima disputa presidencial e abandonar Lula. Se Boulos vence, o pragmático Kassab, que tem ministros no governo, segue com Lula.

Rudolfo Lago