Publicado por: Rudolfo Lago | 1 mar 2024
Certa vez, o compositor e escritor Chico Buarque disse que todo governo precisava ter um “Assessor de Vai dar M…”. Depois da sugestão de Chico, a coisa ganhou até sigla: VDM. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) não é ministro. Mas vai ganhando os contornos de “Asessor de VDM”, seja pela sua estatura de político experimentado, fundador do PT, seja pelo respeito que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem por ele ou mesmo por seu perfil. Judeu, Wagner foi um dos poucos no governo a criticar a fala de Lula comparando as atrocidades de Israel na Faixa de Gaza ao nazismo. Agora, Wagner critica a forma como o governo cede o tempo todo ao Congresso, na questão do poder de destinação orçamentária.
Esta semana, Jaques Wagner não teve dúvida em criticar o decreto do presidente Lula que estabelece um cronograma para a liberação de mais de R$ 20 bilhões em emendas ao orçamento até junho. “Isso é uma anomalia”, protestou ao Correio Político.
“Eu, pessoalmente, sou presidencialista. Mas, se é assim, que se faça logo uma emenda constitucional e se instaure o parlamentarismo no Brasil”, disse Wagner. Para o senador, mais e mais o Congresso vai pressionando por uma posição que é muito cômoda.
Nada bonita a disputa de poder no União Brasil. No último dia do seu mandato, usando a última nesga do seu poder, o atual presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE), tentou cancelar a eleição que haveria para renovar a executiva e o diretório do partido.
Em seguida, os integrantes do União derrubaram a decisão de Bivar e deram início à eleição do novo comando. Ao final, Bivar foi fragorosamente derrotado. Dos 42 delegados, 30 votaram em Antõnio Rueda, que antes era o vice-presidente, para agora presidir o União.
Na quinta-feira (28), o líder do União no Senado, Efraim Filho (PB), já dizia ao Correio Político que Bivar estava isolado. “Bivar perdeu a confiança ao fazer intervenções indevidas em diretórios”, explicou. “Uma situação que estava gerando insegurança no partido”.
Rueda agora vai precisar controlar essa cisão no partido, que pode prejudicar planos futuros. O União planeja presidir a Câmara, com Elmar Nascimento (BA). Tem ainda pretensões presidenciais, com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Mas precisa fazer jus ao nome.