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Jorge Messias: a ponte com os evangélicos

Publicado por: Rudolfo Lago | 8 abr 2024

O advogado-geral da União, Jorge Messias, estava em seu gabinete quando seu celular tocou. Era o ministro da Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Você pode dar um pulo aqui na Câmara dos Deputados agora?”, perguntou Padilha. O ministro estava numa sala do PSD reunido com a bancada evangélica. E estava sendo apertado e passando por maus pedaços. Apelou para Messias, respeitado entre os evangélicos, por ser fiel adepto da Igreja Batista, para contornar o que estava se transformando numa enxurrada de reclamações e críticas pesadas. Messias foi socorrê-lo. Começou a contornar o ambiente muito hostil. A história mostra que não será a mera troca de um slogan que irá fazer o governo se aproximar do segmento.

Costumes

Padilha imaginava que a reunião iria tratar da questão do recolhimento previdenciário das chamadas prebendas. Se preparou para discutir isso. Mas o tema acabou ocupando somente cerca de quatro minutos da reunião. O resto foram críticas à agenda de costumes.

Nísia

O alvo principal era a ministra da Saúde, Nísia Trindade, por causa da mudança na portaria do governo Jair Bolsonaro que punha obstáculos à realização do aborto, mesmo nos casos legais, na rede pública de saúde. E enveredava para posições do PT sobre costumes.

Será preciso buscar espaços de diálogo com o segmento

A história mostra que, para além de mudanças de discurso e comunicação, a aproximação com o segmento evangélico exigirá primeiro compreender seu pensamento. Aparentemente, Padilha não estava totalmente preparado para a reunião. Recorreu a Messias, que nem sempre poderá estar presente, e não será somente ele que sozinho conseguirá fazer essa aproximação. Mas o AGU é hoje a principal ponte dessa aproximação. E tem dado diversos conselhos sobre o que o governo precisa fazer para reduzir a prevenção, a desconfiança, que há hoje entre grande parcela do eleitorado evangélico. É preciso abrir canais de diálogo.

Bases

Antes do grande crescimento evangélico, o PT avançou nas camadas mais pobres da sociedade a partir das ações da Igreja Católica nas Comunidades Eclesiais de Base. Agora, esse espaço foi ocupado pelas Igrejas Evangélicas. É preciso reorganizar essas bases.

Diálogo

E precisa aproximar-se das lideranças do segmento evangélico. Tanto as das igrejas quanto as políticas. Preparando-se para o diálogo, de modo a evitar surpresas como a da reunião no PSD. Encontrar um modo de aproximação da atuação das suas demandas.

Marcha

Jorge Messias começou a atuar na linha de frente dessa aproximação na Marcha para Jesus, em maio do ano passado, quando foi designado para ir a São Paulo como representante oficial do governo. A partir daí, ganhou a chancela para discutir com os líderes.

Líderes

Messias tem bom trânsito com Cezinha de Madureira (PSD-SP), Silas Câmara (Republicanos-AM), e também dialoga com o atual presidente da frente, Eli Borges (PL-TO), entre outros. Mas há um problema: é possível que a aproximação gere faíscas com parte da esquerda

Rudolfo Lago