Publicado por: Rudolfo Lago | 2 abr 2024
Ainda não se sabe exatamente que movimentos acontecerão até o final da semana. Mas há uma expectativa de que a janela partidária atinja em cheio dois dos partidos que foram a base da chamada Nova República, o processo de reconstrução democrática após 1985, que levou ao fim de 21 anos de ditadura militar, cujo início há 60 anos acabamos de rememorar. Há uma expectativa de que o União Brasil seja o grande derrotado ao final da janela partidária. E ela pode acabar de sepultar o PSDB, que já há algum tempo amarga não passar de um partido pequeno. Como o MDB também perdeu boa parte de seu antigo tamanho, o tripé de poder que se formou na redemocratização, nos governos Sarney e FHC, vai se despedindo da política, dando lugar a novos atores e novas legendas.
A janela partidária é um momento em que deputados podem mudar de partido sem sofrer sanções. Como a eleição é proporcional e o voto é na legenda, fora desse período os partidos podem reivindicar de volta a vaga do deputado eleito caso ele troque de partido.
A eleição de Tancredo Neves, que pôs fim à ditadura, foi o resultado de uma aliança entre o PMDB e o PFL, dissidência do PDS, que apoiava o regime militar. Mais tarde, do PMDB surgiu o PSDB, que governou o Brasil por dois mandatos com Fernando Henrique Cardoso.
Política brasileira vai assistindo ao fim de uma era
O PFL depois mudou seu nome para DEM. Somou-se, então, ao PSL, para formar o União Brasil. O PMDB voltou a ser MDB, o nome que tinha originalmente. O PSDB permanece com o mesmo nome. No começo da redemocratização, os três partidos dividiram o poder no país, com o intervalo dos dois anos de governo Fernando Collor. O MDB presidiu com José Sarney e Itamar Franco. E o PSDB nos dois mandatos de Fernando Henrique. Na maior parte do tempo, os três partidos estiveram juntos. Agora, definham e devem perder mais tamanho no troca-troca partidário que haverá esta semana. Na expectativa do cientista político André Cesar, especialmente o União Brasil.
A incendiária disputa de poder entre Antonio Rueda e Luciano Bivar é o primeiro motivo de constrangimento. Os nomes tradicionais do antigo PFL saíram do comando. Bivar hoje está completamente isolado, e Rueda também não é um nome político que agrega.
A prisão do deputado Chiquinho Brazão (RJ), ex-União, também não ajuda, mesmo ele tendo sido expulso imediatamente depois da detenção. Especialmente porque antes mesmo da acusação, já havia um movimento no União do Rio de Janeiro rumo ao Republicanos.
É preciso ver que deputados sairão do PSDB. Mas na semana passada já repercutiu uma troca no Senado. Izalci Lucas (DF) deixou o ninho tucano rumo ao PL. Agora, o único senador do PSDB é Plínio Valério (AM), um nome já considerado mais conservador.
Já o MDB, que por anos foi o maior partido e com o maior comando sobre o Congresso, hoje é somente a quinta bancada na Câmara, e está fora da futura expectativa de poder. No lugar do antigo tripé, despontam novas legendas, como o PSD e o PL. Mas até quando?