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Deputado federal e irmão acusados de mandar matar Marielle

Publicado por: Rudolfo Lago | 24 mar 2024

Durante seis anos, uma pergunta ecoou forte na voz de todos os que buscavam justiça no Rio de Janeiro, inclusive no Correio da Manhã.; “Quem mandou matar Marielle?” Neste domingo (24), a pergunta parece ter começado a ser respondida. A vereadora Marielle Franco (Psol) e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados em março de 2018 em uma rua do Rio de Janeiro pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, segundo a acusação, a mando do deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Brazão. A motivação do crime teria sido a contrariedade de ambos com a atuação de Marielle contra interesses imobiliários das milícias do Rio de Janeiro.

Chiquinho e Domingos Brazão foram presos na manhã deste domingo. Também foi preso o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Ele é acusado de desviar as investigações do assassinato para tentar poupar os verdadeiros mandantes e atrapalhar a elucidação do crime.

No início do ano passado, a investigação do caso Marielle foi reaberta, saindo do âmbito estadual e passando para o federal. Primeiro, chegou-se aos assassinos da vereadora e de seu motorista, e agora aos mandantes, a partir de colaborações premiadas.

Organização

A operação que prendeu o deputado, seu irmão e o delegado foi batizada de Murder Inc. Ou seja, para reforçar o caráter quase empresarial da organização criminosa envolvida. Na coletiva de imprensa que fizeram na tarde de domingo, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, relataram que o motivo do crime foi a contrariedade quanto à atuação de Marielle na Câmara Municipal do Rio a respeito da destinação de lotes imobiliários que a milícia da cidade pretendia controlar. Marielle trabalharia para dar destinação social a esses terrenos.

A Operação Murder Inc. foi realizada em conjunto com a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público do Rio de Janeiro, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), designado relator do caso Marielle na Corte. O fato de um deputado federal, portanto com foro especial, estar envolvido, é o que fazia o processo correr na Suprema Corte. Contou ainda com o apoio da Polícia Civil do Rio e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Delação

A prisão dos mantes acontece cinco dias após Moraes homologar a delação premiada de Ronnie Lessa, suspeito de ter sido o executor do crime. Quando a delação foi homologada, Lewandowski já tinha feito uma coletiva, na qual informava que, a partir daquele momento, o caso estava próximo de ser elucidado, porque Lessa informara quem tinha lhe contratado para assassinar a vereadora e seu motorista.

Além das prisões, a polícia cumpre 12 mandados de busca e apreensão no Rio. São alvos o delegado Giniton Lages, que esteve à frente das investigações do caso Marielle no início, na Delegacia de Homicídios do Rio; Marcos Antônio de Barros Pinto, que foi seu auxiliar, e Robson Calixto Fonseca, assessor do Tribunal de Contas do Estado. As operações teriam ocorrido no domingo para surpreender os envolvidos, que estariam planejando fugir.

Grande passo

A elucidação do caso foi comemorada pelo governo Lula. “É um momento significativa. Uma vitória contra o crime organizado”, disse Lewandowski na coletiva.

“Só Deus sabe o quanto sonhamos com esse dia!”, reagiu a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle. “Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê?”

Anielle disse que a maior surpresa para ela e sua família foi a prisão de Rivaldo Barbosa. “Era um nome que inclusive a minha filha confiava, no trabalho dele. Ele foi um homem que disse que era questão de honra para ele elucidar esse caso”, disse a ministra, em entrevista à Globonews. (Com Folhapress)

Rudolfo Lago