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Há quem defenda Michelle 2026. Bolsonaro não deixa

Publicado por: Rudolfo Lago | 21 mar 2024

Cresce dentro do PL uma parcela que defende preparar Michelle Bolsonaro como opção para a disputa eleitoral de 2026. O maior problema: convencer Jair Bolsonaro. Uma fonte do Correio Político ligada ao partido comentou que Bolsonaro é teimoso e, portanto, mudanças de ideia precisam ser tratadas com ele com jeito. Por exemplo: quando cismou em não tomar vacina, a cada vez que se falava nisso, mais ele resistia. A fonte comentou com Bolsonaro sobre a alternativa Michelle. A reação de Bolsonaro foi: “Não repete isso, se não quiser ter problema”. Os motivos de Bolsonaro parecem ser semelhantes ao veto que ele fez para que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se candidatasse à prefeitura do Rio de Janeiro. Mas vão bem além disso.

Derrota

Caso Flávio entrasse na disputa pelo Rio e perdesse, essa derrota acabaria revertendo em prejuízo político para o próprio Bolsonaro. E as pesquisas demonstram que não seria tarefa fácil derrotar no Rio a reeleição do prefeito Eduardo Paes, do PSD, com o apoio de Lula.

Michelle

Testada pelo Paraná Pesquisas em fevereiro, Michelle apareceu em segundo lugar, com 23%. Mais do que quando o nome da oposição é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que apareceu com 17,4%. Na hipótese com Michelle, Lula tem 37,4%.

Bolsonaro ainda resiste a ser carta fora do baralho

Se pode haver na resistência de Bolsonaro um viés de proteção a Michelle, há um outro ponto mais forte, segundo a fonte. Bolsonaro recusa-se a se considerar carta fora do baralho para a eleição de 2026. Ele ainda aposta na possibilidade de reverter a condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o deixou inelegível. E seus aliados no PL ainda avaliam que uma condução errada dos processos contra Bolsonaro podem acabar por vitimizá-lo. Um processo parecido com o que houve com o principal antagonista de Bolsonaro: o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reverteu as condenações contra ele e virou presidente.

Negativos

Já comentamos por aqui sobre o fato de Bolsonaro muitas vezes mirar Lula como uma imagem em negativo, oposta a ele em tudo, mas com trajetórias semelhantes. Como na ideia do mito alemão do “dopelgânger”, (em tradução literal, duplo ambulante).

Mudanças

Haverá mudanças no TSE que podem vir a beneficiar Bolsonaro no julgamento de um eventual recurso. Em novembro, o relator do caso que gerou a inelegibilidade de Bolsonaro, Benedito Gonçalves, deixará o tribunal. No lugar, deverá entrar Isabel Gallotti, ministra do STJ.

Independente

Neta do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Otávio Gallotti, é tida como “independente”. Poderia vir a aceitar uma reversão da condenação. Mas as principais mudanças acontecerão quando Alexandre de Moraes deixar o TSE em abril do ano que vem.

Mendonça

Quem assumirá o TSE no lugar de Moraes é André Mendonça, o ministro “terrivelmente evangélico” que Bolsonaro escolheu para o STF. Mas, aumentando as chances, quem assumirá a presidência do tribunal em 2026 será Kássio Nunes Marques, outro aliado fiel.

Rudolfo Lago