Publicado por: Rudolfo Lago | 20 mar 2024
Impressionou a plateia que se reuniu para assistir à exposição do presidente da Caixa, Carlos Vieira, durante almoço promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) Brasília. A nata do mundo político do Distrito Federal estava no evento organizado pelo presidente do Lide, Paulo Octavio. O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB): a vice, Celina Leão (PP); o presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente, e deputados distritais de todos os matizes, incluindo o petista Chico Vigilante. Enquanto os convidados comiam tournedos de filé ou camarões, Vieira discorria sobre as atividades da Caixa. Pontuando especialmente a função social. Enquanto isso, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, segue desaparecido.
Vieira poderia iniciar sua explanação pelos programas habitacionais. Mas iniciou pelo Pé-de-Meia. Que até no nome tem cara de PT. É o programa que dá ajuda financeira a estudantes do ensino médio para que não precisem parar de estudar para trabalhar.
Então, Vieira disse que a Caixa tem R$ 7,2 bilhões para o programa, que beneficia 2,5 milhões de estudantes. O presidente da Caixa naturalmente falou de habitação. Segundo ele, mais de dois mil contratos habitacionais são firmados a cada dia. E pontuou o caráter social.
O presidente e mais seis vice-presidências nas mãos
Em novembro, Carlos Vieira substituiu Rita Serrano, a primeira indicada pelo PT, no comando da Caixa. Embora funcionário de carreira, Vieira foi indicado pelo Centrão, mais especificamente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A troca aconteceu logo depois de uma exposição de arte, onde Lira aparecia em um detalhe de um quadro exposto dentro de uma lata de lixo. Em janeiro deste ano, o Centrão ganhou mais seis das 12 vice-presidências do banco. Na troca, também ganhou uma vice-presidência o PDT. Pouco se viu da gestão de Serrano. Quanto a Vieira, o mundo empresarial pareceu sair feliz da exposição de Vieira.
É o tipo de coisa que trai a irritação demonstrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião ministerial de segunda-feira (18). Enquanto sua ala não entrega, vai perdendo espaços tradicionais. Enquanto Vieira falava, novas cobranças saíam do Congresso.
Arthur Lira cobrou do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o envio dos projetos de regulamentação da reforma tributária. Sem eles, tudo o que foi aprovado no ano passado vira somente uma carta de intenções, sem produzir avanços na prática. O tempo é curto.
Já o senador Laércio Oliveira (PP-SE) cobrou que na terça-feira (19) acabara o prazo para que o governo enviasse proposta de reformulação da tributação da renda e da questão da desoneração da folha de salários do setor de serviços. Esse prazo estava previsto na reforma.
O prazo de 90 dias a contar da promulgação da reforma (31 de dezembro) foi incluído no texto por emenda do próprio Laércio Oliveira. Eis o resumo do drama. O governo patina, admitiu o próprio Lula, o Centrão pressiona, e ainda tenta roubar para si o discurso social.