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O governo Lula e o perigoso fantasma do fogo amigo

Publicado por: Rudolfo Lago | 13 mar 2024

Contornada em parte a crise da Petrobras, com a decisão de manter seu presidente, Jean Paul Prattes, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), resolveu ir às redes sociais para atiçar novamente a fogueira. “Os acionistas da Petrobras, que estão chorando na mídia, ganharam muito, mais muito dinheiro com a valorização da empresa no governo Lula. A tal perda de R$ 55 bilhões de valor de mercado é apenas ¼ dos mais de R$ 200 bilhões que ela valorizou nos últimos 12 meses”. Bem, primeiro não foram apenas acionistas que “choraram na mídia”. Houve uma crise que quase levou à demissão de Prattes. E Gleisi parece achar menor uma perda de R$ 55 bilhões. Por trás, há uma grande discussão sobre o papel do PT.

Papel

De acordo com uma fonte próxima do Planalto, Gleisi cumpriria um papel combinado. Caberia ao PT fazer o enfrentamento mais político, mais ideológico, diante das amarras do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, amparado numa coalizão política bem ampla.

Objetivos

A questão é avaliar se, nessa tarefa, os objetivos estão sendo cumpridos. O PT não está conseguindo reduzir com essa tarefa a polarização do país. A popularidade de Lula cai. E muitas vezes, como no caso, joga-se a briga para o próprio campo interno do governo.

Caso da Petrobras revelou enorme disputa interna

Não raras vezes, Gleisi tem se batido contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Que nem é de outro partido: é do PT, e foi inclusive o candidato à Presidência em 2018. De novo, Haddad está no centro das discussões sobre a distribuição dos dividendos da Petrobras. Haddad era a favor do pagamento integral dos tais dividendos extraordinários. A diretoria da Petrobras chegou a propor o pagamento de parte desses dividendos. Na reunião do Conselho de Administração, os representantes do governo votaram contra. E Prattes absteve-se, gerando a irritação de Lula, que achava que ele devia ter seguido a posição do governo.

Silveira

Entrou no rolo também o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que não tem boas relações com Prattes. O normal é que todas essas diferenças fossem resolvidas no âmbito interno, sem transparecer e gerar a crise que gerou na segunda-feira (12).

Petistas

No episódio, quem ficou enfraquecido foi Prattes, que é do PT. E outra vez Haddad, que, como se disse, também é petista. Alexandre Silveira, do PSD, precisa ser tratado com delicadeza, pois é ligado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Relações

Nas últimas semanas, Lula trabalhou pesado para costurar melhores relações com Pacheco, tentando, assim, diminuir a dependência que tem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Não convém brigar com um ministro ligado a Pacheco e jogar fora toda a costura.

De olho

No fim de tudo, outra vez o Centrão. Que tem o comando da Caixa, segue em busca da Saúde e agora também está de olho no setor de energia e seus investimentos. Se a disputa política no final enfraquece na verdade os amigos, os inimigos soltam fogos e agradecem.

Rudolfo Lago