Publicado por: Rudolfo Lago | 16 abr 2024
O ato que o ex-presidente Jair Bolsonaro fará no próximo domingo (21) no Rio de Janeiro certamente servirá como medida do potencial da sua popularidade, da sua capacidade ainda de arregimentar pessoas e das chances que a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm para o páreo eleitoral de 2026. A conversa que o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), teve na semana passada com os governadores oposicionistas que ensaiam disputar com Lula foi nessa linha. Ciro debruçou-se com os governadores sobre uma pesquisa realizada em março pelo Instituto Paraná Pesquisas. Esses números dão a Ciro a sensação de que, se houver uma união da oposição, há uma chance real de conseguir bater Lula.
Na pesquisa espontânea, quando não é apresentada uma lista ao entrevistado, Lula lidera com 20,8%. Bolsonaro aparece em segundo, com 15,9%. Mas ele não deverá ser candidato, a não ser que haja reversão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Está inelegível.
Nessa espontânea, os nomes de oposição todos somados ficam em 17,3%, próximo, então do empate (a margem de erro foi de 2,2 pontos percentuais), o que dá a Ciro Nogueira a impressão de que, havendo união, há, de fato, chances reais de vitória nas urnas em 2026.
Bolsonaro lideraria. Diversos cenários testados
Diversos cenários estimulados foram testados. Inclusive com Bolsonaro, que não disputará. O ex-presidente aparece à frente de Lula, com 37,1% contra 35,3% do atual presidente. Depois, é testado o nome de Michelle Bolsonaro: no caso, 36% para Lula e 30,9% para Michelle. Com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seria 36,2% para Lula contra 23,3%. Em outros cenários, o Paraná testa ainda o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil, 7,7%); a senadora Tereza Cristina (União Brasil, que fica com 7%); o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD, 14,6%); o de Minas, Romeu Zema (Novo, 14,1%).
Na reunião, Ciro Nogueira avaliou com os governadores oposicionistas que qualquer nome que vier a ser claramente apoiado nas eleições por Bolsonaro já iniciaria o páreo, por suas contas, com um percentual em torno de 30%. Por isso, a necessidade de não haver divisão.
Presente na reunião, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse aos presentes que seu pai não vetaria nenhum dos nomes de oposição colocados na disputa. Assim, segundo disse, havendo uma união em torno de uma candidatura, ela poderia vir a ter apoio dele.
O que pode vir a atrapalhar os planos de Caiado são os problemas locais, envolvendo a suspeita de envolvimento de um primo, Jorge Caiado, em um assassinato. Ele tornou-se réu pela morte de Fábio Alves Escobar Cavalcanti. Adversários de Caiado tentam criar conexões.
O problema será segurar as vaidades numa disputa que fica aberta sem Bolsonaro. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é candidatíssimo. Ele abriria mão para a eventualidade de apoiar Tarcísio, que hoje aparece mais bem posicionado? Michelle não deverá concorrer.