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Glauber Braga pode tirar Conselho de Ética da letargia

Publicado por: Rudolfo Lago | 17 abr 2024

Nos últimos tempos, o Congresso já viu deputado dar cusparada no outro, xingar, gritar, agredir verbalmente. Até o momento, tudo tem sido tolerado. Há no momento cinco processos já tramitando no Conselho de Ética, inclusive um contra o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco. A última vez que a Câmara cassou um mandato foi o de Flordelis, em 2021 – no ano seguinte, ela foi condenada pelo assassinato de seu favorito. Na terça-feira (16), depois dos acontecimentos, havia um clima de que o Conselho de Ética poderá sair dessa letargia. Não apenas no caso de Brazão, mas agora diante do que houve com o deputado Glauber Barga (Psol-RJ).

Pontapés

Glauber Braga expulsou da Câmara, aos chutes e pontapés, Gabriel Costenaro, militante do Movimento Brasil Livre (MBL), que deverá ser candidato a vereador no Rio de Janeiro. Após uma discussão, Glauber agrediu Costenaro. E depois também Kim Kataguiri (União-SP).

Provocador

Glauber defende-se afirmando que Costenaro é um provocador, parte de um grupo do MBL chamado “inimigos públicos”, que teria por tarefa provocar confusão. E os dois já teriam tido altercações no Rio. Mas o que pode pesar contra Glauber é que houve agressão física.

Eunício espanta-se com Lira: “Nunca vi tanta pressão”

O deputado Eunício Oliveira (MDB-CE) é um político experiente. Já foi ministro das Comunicações e presidiu o Senado entre 2017 e 2019. Já viu partidos e políticos pressionarem e criarem dificuldades para governos, inclusive o seu. Mas Eunício afirmou ao Correio Político, referindo-se ao presidente da Câmara, do PP de Alagoas: “Nunca vi alguém fazer com um presidente e um governo o que vem fazendo Arthur Lira”. Agora, Lira ameaça retaliar o governo derrubando o veto presidencial que corta R$ 5,6 bilhões de emendas orçamentárias. Uma derrubada inócua, porque, no caso, essas emendas não são de execução obrigatória. Mas será desgaste.

Sempre mais

“Cada coisa que Lira consegue, aumenta um ponto mais”, critica Eunício. Lira já obteve ministérios, o comando da Caixa, a chave do cofre do orçamento. Agora, pede francamente a cabeça do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Erro

Para Eunício, Lula cometeu um erro ao apoiar no ano passado a reeleição de Arthur Lira na presidência da Câmara. “Ele tinha acabado de ser eleito. Devia ter lançado um candidato próprio ao comando da Câmara. Seria uma vantagem mesmo que, Lula perdesse”.

Base

“Digamos que o candidato de Lula fizesse cerca de 200 votos”, calcula Eunício. “Mesmo perdendo, isso se transformaria na base inicial do governo”, argumenta. Nessa hipótese, acha o deputado, Lula viria a ter um grupo mais sólido para negociar as suas pautas.

Fluida

Com o apoio a Lira, a base do governo, para Eunício, tornou-se fluida. A massa do Centrão, próxima de Lira, que, além de mudar caso a caso, só apoia projetos do governo de fato em troca de uma complicada negociação, que sempre inclui poder, cargos e liberação de verbas.

Rudolfo Lago