Publicado por: Rudolfo Lago | 15 maio 2024
Respeitado cientista político, diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), o pernambucano Antônio Lavareda fixa seu foco na diferença de metodologias entre os principais institutos de pesquisa do país para explicar resultados diversos quanto à popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essas diferenças explicam por que os números são piores em determinadas pesquisas e melhores em outras. A principal razão, segundo Lavareda, está nos intervalos de renda utilizados pelos institutos e os percentuais de entrevistados em cada uma dessas faixas. Pesquisas nas quais há percentual maior de pessoas com renda mais baixa apontam números mais positivos para o governo.
O problema, segundo Lavareda, é que essas diferenças no espectro de cada instituto são gritantes, muito altas. Enquanto, por exemplo, o Ipespe considera 43% dos entrevistados na faixa abaixo de dois salários mínimos, o Quaest estima esse percentual em 30%.
Se o Quaest considerasse a faixa abaixo de dois mínimos no mesmo percentual do Ipespe, o saldo positivo entre os que aprovam e os que desaprovam o governo Lula seria de sete pontos percentuais a favor. No percentual menor, esse saldo ficou em três pontos.
No geral, saldo de aprovação de Lula teve pequena melhora
De um modo geral, porém, apesar das diferenças de metodologia, Lavareda observa uma melhora no saldo de aprovação do governo Lula. Ele fez o estudo comparando as pesquisas no dia 8 de maio, depois que foi divulgada a pesquisa da Quaest que apontava um saldo positivo de três pontos percentuais. Na direção oposta, o último levantamento do Paraná Pesquisas mostrava saldo negativo de menos 2,2 pontos. No caso do último Ipespe, o saldo positivo foi de seis pontos. E na CNT/MDA foi de sete pontos. Num saldo geral, Lula estaria agora com 50% de aprovação contra 47% de aprovação. O melhor resultado foi em agosto, com 60%.
Numa linha parecida, o último Radar Febraban, pesquisa que o Ipespe faz para a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) apontou estabilidade no otimismo do brasileiro. Segundo o Radar, 56% dos entrevistados consideram que a vida vai melhorar. Em fevereiro, eram 53%.
De qualquer modo, há, no entanto, uma preocupação grande do brasileiro com a inflação, especialmente com a alta nos preços dos alimentos. E esse é um dos fatores que mais impacta negativamente a popularidade do governo. Para 70%, os preços dos produtos aumentaram.
“Nos primeiros meses do ano, o humor e as expectativas dos brasileiros pouco se alteraram, mas registraram leve sinalização para baixo”, observa Lavareda. “Esse resultado reflete o sentimento de que os preços de produtos e serviços continuam impactando no bolso”.
A maior preocupação atual do brasileiro, segundo o Radar, é com a saúde (32%). Em seguida, vêm emprego e renda, com 28%. A educação, que tem sido prioridade do governo, aparece com 10%. Mesmo percentual de inflação e custo de vida. Segurança tem 7%.