Publicado por: Rudolfo Lago | 13 maio 2024
Depois que esta coluna sapecou na deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) há alguns dias o epíteto de “Comentadora-Geral da República” pela profusão de posts, quase sempre mal humorados, que ela produz todos os dias nas redes sociais, integrantes da direção do PT mandaram mensagens em defesa da sua presidente e do papel que ela exerce. Por uma questão de justiça e de respeito à pluralidade, o Correio Político registra os argumentos que recebeu. De um modo geral, a defesa que se faz do papel de Gleisi vem da necessidade de o PT pontuar de forma clara suas posições. Nas relações com um Congresso conservador, com uma sociedade polarizada e com setores do empresariado e do mercado financeiro que é preciso conquistar.
E seria papel de Gleisi fazer um contraponto para, dentro do debate interno, levar o governo mais à esquerda. Ainda que, muitas vezes, isso venha a parecer grosso fogo amigo. Na avaliação desses diretores do PT, esse debate interno, ao final, é bem compreendido.
E, de certa forma, estimulado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sabedor da amplitude do seu governo, Lula estimula um pouco esses contrapontos. Interferindo quando, na sua avaliação, a disputa interna pode vir a extrapolar e se tornar contraproducente.
Posição sobre meta fiscal teria garantido ganhos salariais
Quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reviu a meta fiscal, Gleisi Hoffmann deu uma longa entrevista na TV fazendo a defesa da revisão. E seguiu sustentando o debate com os críticos nas suas redes sociais. Os defensores de Gleisi defendem que as suas posições, desde o início, contrárias à meta fiscal mais rigorosa de déficit zero que Haddad pregara teriam ajudado, por exemplo, a garantir ganhos salariais maiores na elaboração do orçamento. E lembram que, para além de qualquer crítica, o partido votou em bloco, na Câmara e no Senado a favor de todas as medidas propostas pela área econômica do governo.
As divergências seriam “debatidas às claras, sem prejuízo leal ao governo”, reproduzindo as palavras que chegaram a este Correio Político. O PT não seria, assim, pelas palavras dos defensores de Gleisi, “um obstáculo para a Fazenda” e às posições de Haddad.
Assim, na visão dos defensores de Gleisi, sua presença nas redes sociais seria parte do seu papel. Que evoluiu dos discursos em plenário para o uso das redes sociais. Papel “inerente à liderança de um partido político”, com a responsabilidade de governar o país.
“Governar o país” em conjunto com outras forças. E seria da necessidade de se impor nesse debate que Gleisi reforçaria, na visão dos seus defensores, o papel nas redes sociais, com sua miríade de comentários. “O contrário seria omissão”, é o que dizem seus defensores.
Na linha dos defensores de Gleisi, o adversário não seria Haddad, mas o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com “seus juros estratosféricos”. Ele seria “o maior adversário da política econômica”. Enfim, Gleisi continuará comentando geral…