Depois de dias nada fáceis no jogo de estica-e-puxa que vive de forma crônica tanto internamente quanto na relação com o Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode comemorar a melhoria da nota do Brasil na classificação de risco de investimento feita pela Agência Moody’s. Ainda que a agência tenha feito críticas à falta de segurança fiscal ainda, se a confiança no país melhorou, isso estará diretamente relacionado à forma como Haddad mantém firme seus compromissos de responsabilidade fiscal apesar do fogo amigo de um lado e a pressão por gastos do Congresso por outro. O resto parece mais Haddad sobrevivendo a uma etapa de uma espécie de “Jogos Vorazes” de viés econômico, no qual todos estão contra ele.
A Moody’s manteve a nota Ba2, que ainda aponta para riscos no investimento. Mas evoluiu a avaliação sobre a situação brasileira de “estável” para “positiva”. O maior sinal de que se reconhece que é vitória de Haddad é que o presidente comemorou repostando o post do ministro.
A verdade é que, mal ou bem, Haddad vai conseguindo fazer avançar no Congresso a pauta econômica. Se já era um milagre ter aprovado a reforma tributária, ele agora verá avançar sua regulamentação, mesmo com o atraso no envio dos projetos do governo.
De um lado, o PT. Do outro, o Congresso
Certamente, a melhora na classificação não terá vindo da postura de “comentadora-geral da República” que a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), resolveu incorporar recentemente nas redes sociais. Gleisi pressionou fortemente Haddad contra seus esforços de meta fiscal de déficit zero. Muito menos será por cada momento em que o Congresso cria novas despesas públicas para o governo. De acordo com fonte da área econômica, se por um lado quando Haddad sugere vetos ou recursos na Justiça ele azeda as relações com o Congresso, por outro ele faz a demonstração de que é de fato firme nos seus compromissos.
Porque a verdade é que, apesar das tremendas dificuldades da queda-de-braço interna e das relações com o Congresso, Haddad tem números positivos para apresentar. A arrecadação de impostos fechou março em R$ 190,6 bilhões, melhor desempenho desde o ano 2000.
Já o Cadastro Geral de Pessoas Empregadas e Desempregadas (Caged) apontou na terça-feira (30) um saldo de 244,3 mil novos postos de trabalho abertos em março. Nos últimos 15 meses, entre janeiro do ano passado e março, foram 2,18 milhões de novos empregos.
Já a inflação recuou em abril para 0,21%, de acordo o IPCA-15, que mede a prévia da inflação oficial do mês. Com o resultado, o acumulado no ano está em 1,67%. Em 12 meses, 3,77%, abaixo dos 4,14% acumulados em um ano até a prévia de março deste ano.
A festa micada do Primeiro de Maio organizada pelas centrais sindicais, porém, mostra os novos desafios. A lógica do trabalho e da economia que gerou o PT mudou. Em tempos de uberização e trabalho informal, a economia brasileira hoje se move de forma diferente.