Publicado por: Rudolfo Lago | 24 maio 2024
Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de tudo pelo que passou, tem um inimigo, seu nome é Sergio Moro (União-PR). Mas Lula é um político experimentado o suficiente para não agir nem pensar com o fígado. Nesse sentido, segundo interlocutores disseram ao Correio Político, ele, na verdade, ficou aliviado quando soube da decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de negar a ação movida pelo PT e pelo PL e manter o mandato de senador de Moro. Porque é um problema a menos para Lula administrar agora. Tudo o que Lula agora não deseja é mais problemas. Ele já tem que administrar a relação difícil com o Congresso, a tragédia no Sul, a popularidade que não sobe, a economia. E as eleições municipais.
Moro cassado seria mais um problema. Se isso acontecesse, haveria uma eleição extraordinária no Paraná para a escolha de um novo senador. Ajudando a nacionalizar e polarizar ainda mais a disputa política. O foco se voltaria para o Paraná, um estado hostil.
Havia uma movimentação no sentido de lançar Michelle Bolsonaro para essa vaga de senadora no Paraná. Se Moro viesse a ser substituído pela mulher do ex-presidente, principal adversário político de Lula, a situação política no estado iria ficar ainda pior do que é hoje.
Com Michelle senadora, novo fôlego para Bolsonaro
Como senadora, Michelle daria novo fôlego a Bolsonaro em um momento de baixa por conta dos diversos problemas na Justiça. Com o fôlego renovado, Bolsonaro poderia vir a ganhar mais possibilidades de reverter o jogo no futuro, com as mudanças na correlação de forças que acontecer no TSE com a saída de Alexandre de Moraes. Bolsonaro tem um plano de tentar reverter no TSE a sua inelegibilidade. Em 2026, na próxima eleição, a Corte eleitoral será comandada pelos dois nomes que Bolsonaro indicou para o Supremo Tribunal Federal. Kássio Nunes Marques será o presidente, e André Mendonça será o vice. Um novo cenário.
No caso específico de Moro, o senador acenou com uma trégua. Elogiou o Judiciário pela decisão e ainda disse que a polarização política tem sido um problema para o país e precisa ser superada por um tempo de maior racionalidade, para o bem de todos.
Pela quantidade de cambalhotas e circunvoluções políticas que Moro dá, ele não é também um nome confiável para a oposição. Já rompeu com Bolsonaro. Voltou depois. Saiu do Podemos. Foi para o União Brasil. No final, é mais fácil de lidar do que um total oposicionista.
No caso específico do Paraná, talvez houvesse ainda a necessidade de administrar uma disputa interna. Tanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, quando o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, ambicionavam disputar a vaga de Moro na eleição extraordinária no Paraná.
Já há todo um esforço imenso em torno das eleições municipais. Hoje, o panorama, pelo menos nas capitais, aponta para o aumento do número de prefeitos mais conservadores. Uma eleição extraordinária para senador só iria contribuir para nacionalizar mais a disputa.