Publicado por: Rudolfo Lago | 20 jun 2024
De um modo geral, o Palácio do Planalto comemorou a pesquisa Datafolha. Ainda que as oscilações positivas e negativas tenham sido dentro da margem de erro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parou de cair. E isso já seria um alento. Mas o ponto mais comemorado é a reversão da popularidade de Lula na região Sul. Pela primeira vez, o percentual de pessoas que acham o governo Lula positivo foi maior que o daqueles que julgam negativo: 36% contra 33%. E foi um salto significativo com relação à rodada anterior, em março, quando a avaliação negativa era de 40% e a positiva 30%. O Sul sempre foi uma região hostil a Lula. No Planalto, a avaliação é que a reversão revelou o acerto de uma das estratégias adotadas há algumas semanas.
As duas estratégias principais eram apostar na recuperação do Rio Grande do Sul após a tragédia das enchentes e tentar se desviar do foco das pautas de costumes no Congresso. A segunda quase virou um tiro no pé quando foi aprovada a urgência para o projeto sobre aborto.
Diante de um Congresso de direita, o governo avaliava que se envolver diretamente na pauta de costumes tornava os reveses uma derrota do governo. Mas talvez nem o governo esperasse tamanha reação da sociedade ao projeto do aborto. Correu para se posicionar.
Ação sobre chuvas seria prova de sensibilidade
Pimenta apresentou números ao TCU | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Já no caso do Rio Grande do Sul, o que se avalia é que as ações foram lidas pela região como demonstração de sensibilidade. O governo lançou-se para recuperar um estado no qual perdeu a eleição em 2022. Lá, o ex-presidente Jair Bolsonaro teve 56,3% dos votos, e Lula ficou com 43,6%. Mesmo a escolha de Paulo Pimenta como ministro extraordinário, criticada pela oposição, não parece ter tido grande efeito sobre o eleitorado pelo seu viés político. Lula, assim, ganha a chance de reverter um eleitorado que não era dele. E, se conseguir de fato recuperar o Rio Grande do Sul, terá um retrato importante para mostrar em 2026.
Na manhã de quarta-feira (19), o ministro extraordinário para a Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, expôs as ações do governo em sessão no Tribunal de Contas da União (TCU). Mostrou diversos números. Alguns: 84 mil pessoas e 15 mil animais resgatados.
Vinte mil toneladas de doações transportadas pelo governo federal. Mais de 3,6 mil horas de voo em 130 aviões utilizados. Embarcações são 850. Veículos leves, 5,2 mil. Veículos pesados, 3 mil. Mais 38 mil famílias incluídas no programa Bolsa-Família, somando R$ 25,6 milhões.
Há diversos outros números que Pimenta destacou. E, além das pessoas, para empresas, como a suspensão do pagamento de financiamentos por 12 meses com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa, Banco do Brasil e Finep.
Algumas imagens de recuperação já foram possíveis, como a reabertura do Mercado Municipal de Porto Alegre. O esforço agora do governo será para manter todo isso aceso daqui até 2026. Mas recuperar votos gaúchos, catarinenses e paranaenses é tido como um gol.