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São Paulo urgente: o fator Datena

Publicado por: Rudolfo Lago | 1 jul 2024

Desta vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou pedir explicitamente votos para o deputado Guilherme Boulos (Psol), candidato à prefeitura de São Paulo, como fizera no 1º de Maio. Claro, Lula não iria tolamente arriscar nova multa da Justiça Eleitoral. Mas sua presença no sábado entre os paulistanos tinha todo o propósito de turbinar a candidatura de Boulos. Há em São Paulo um fator a explorar. Revelado pela recente pesquisa Quaest. Um fator que vale a pena tentar ampliar para a disputa presidencial de 2026: com o ex-presidente Jair Bolsonaro fora da disputa, a direita pode ter dificuldades em se aglutinar em torno de um único projeto. O empate técnico do apresentador do Brasil Urgente, José Luiz Datena, mostra isso.

Empate

A pesquisa da Quaest divulgada na quinta-feira mostra Nunes em primeiro, com 22%. Boulos cola atrás, com 21%. E Datena vem em terceiro, com 17%. Como a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, Datena está empatado com Nunes e Boulos.

Divergências

Ainda que haja divergências entre esses números e os mostrados um pouco antes em pesquisas do Datafolha e Paraná, há um claro fator repetido em todas elas. Datena e o candidato do PRTB, Pablo Marçal, tiram votos de Ricardo Nunes. Provocam uma divisão à direita.

O racha de São Paulo pode se repetir em 2026

Ainda que provavelmente vá haver em São Paulo segundo turno e a tendência é que esses nomes da direita se unam, no momento estão separados. E essa separação aponta para outra que pode beneficiar a tentativa de reeleição de Lula em 2026. A mesma dificuldade em unir forças à direita agora em São Paulo pode acontecer na eleição presidencial. A ausência de Bolsonaro na disputa acende mais de uma pretensão para ocupar esse vácuo. E parte do problema em apoiar agora Nunes já é parte disso, na disputa entre os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União).

União

Na Quaest, depois dos três primeiros, vem Pablo Marçal, com 10%. O União Brasil resiste em fechar apoio agora à reeleição de Ricardo Nunes. Parte do partido cogita apoiar Marçal. Por uma razão: cobra, em troca do apoio, compromisso de Nunes com a candidatura de Caiado.

Tarcísio

Ocorre que Nunes tem hoje o apoio de Tarcísio de Freitas, que concorre com Caiado pela herança dos votos de Bolsonaro em 2026. Foi Tarcísio quem costurou que o vice de Nunes fosse o coronel Mello Araújo (PL). Para sedimentar o apoio de Bolsonaro, agora e depois.

Datena

No meio dessa disputa entre a direita pelo espólio de Bolsonaro, Datena é uma incógnita. Quem assistiu a seu programa de TV, sabe que Datena é conservador. Mas sua longa excursão pelos mais variados partidos aponta que isso não significa grande fidelidade política.

De que lado?

A ex-presidente Dilma Rousseff adorava ir ao programa de Datena. Antes de ser candidato pelo PSDB, ele apareceu como vice de Tábata Amaral (PSB). Para onde irá Datena, caso desta vez leve sua candidatura até o fim? E para onde irá seu partido, o PSDB?

Rudolfo Lago