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Ibaneis, Celina e o xadrez no DF

Publicado por: Rudolfo Lago | 20 ago 2024

Em princípio, tudo soa aparentemente fácil no Distrito Federal para a formação de uma chapa que teria a vice-governadora Celina Leão (PP) para o governo, o atual governador Ibaneis Rocha (MDB) para o Senado, e na outra vaga para o Senado Michelle, a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Do ponto de vista de formação da chapa, não haveria maiores problemas. As questões, porém, envolvem o xadrez político de Brasília e do Brasil. Cálculos a respeito da disputa. Uma dúvida que paira entre os que discutem a chapa: Ibaneis deixaria o governo para disputar o Senado sem ter segurança sobre se viria a ser eleito? Essa seria a chave de todas as dúvidas que ainda pairam quanto à formação da tríade para a disputa do DF em 2026.

Arruda

A peça central nesse xadrez chama-se José Roberto Arruda. Hoje, o ex-governador está inelegível. Mas ele tenta reverter essa situação. Recentemente, já conseguiu reverter a condenação criminal quanto ao seu envolvimento no escândalo da Caixa de Pandora.

Celina

Arruda parece ser o único nome hoje que poderia empanar a eleição de Celina ao governo do Distrito Federal. Pesquisas mostrariam os dois bem próximos. Ele também poderia atrapalhar uma ida de Ibaneis para o Senado. Essa incerteza poderia embaçar o jogo.

Ibaneis tem de se desincompatibilizar

Para disputar o Senado, Ibaneis tem de se desincompatibilizar do governo seis meses antes da eleição. Então, Celina assumiria o mandato e em outubro de 2026 disputaria sendo uma reeleição. Em princípio, parece a solução política ideal também para Ibaneis. Porque, vencendo como reeleição, Celina não poderia disputar depois um segundo mandato, ocasião em que Ibaneis poderia retornar ao governo. Se Ibaneis desistir de disputar o Senado, ficando no governo até o final do mandato, seria Celina quem teria de se desincompatibilizar. E a avaliação é que seria muito mais complicado para ela disputar fora do governo.

Izalci

Ao trocar o PSDB pelo PL, o senador Izalci Lucas de saída já se colocou como pré-candidato ao governo do DF. Poucos enxergam muitas chances nessa candidatura própria. Mas, de qualquer modo, as pretensões de Izalci terão de ser negociadas caso se forme a chapa.

Esquerda

E, ainda que tenha ficado muito enfraquecida, é sempre preciso avaliar no tabuleiro a performance do PT e da esquerda. O PT já foi forte em Brasília, com dois governadores. O PSB já governou também. Pode haver um movimento de união agora das esquerdas.

União

Quanto o ex-governador Cristovam Buarque assumiu a presidência local do Cidadania, a ideia em torno era o embrião de uma união dos partidos de esquerda para se contrapor ao bloco conservador, fechando apoio ao atual presidente do Iphan, Leandro Grass.

Possível?

Tal união precisaria curar feridas do passado, especialmente entre Cristovam e o PT. Em mesmo com o PSB, em torno do governo Rodrigo Rollemberg, embora ele hoje esteja no governo Lula. Mas as dificuldades políticas sozinhos podem dar as condições.

Rudolfo Lago