Será preciso avaliar o desempenho nas demais cidades, onde não acontecem pesquisas, ou pelo menos elas são mais difíceis de avaliar. Mas, tirando-se pela situação de momento nas capitais, como mostra o Correio da Manhã nesta edição, não será grande coisa o desempenho dos partidos de esquerda aliados tradicionais do governo. O grande alívio é o desempenho impressionante do prefeito de Recife, João Campos, do PSB, com seus 75% de intenção de voto, segundo o Datafolha. O PT hoje lidera apenas em Porto Alegre, com a deputada Maria do Rosário. E o Psol está na disputa acirrada por São Paulo, com Guilherme Boulos. São cidades importantes, mas nacionalmente o governo terá que se socorrer do PSD.
Hoje, o partido que lidera no maior número de capitais é o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. São sete. Uma delas é Belo Horizonte, com Bruno Engler, a capital do segundo estado mais populoso do país e que tem o maior número de municípios. Outra é Fortaleza.
O PSD de Gilberto Kassab vem em seguida, liderando em seis. Uma delas, o Rio de Janeiro, com o prefeito Eduardo Paes. Se quiser ganhar a partir do pleito municipal capilaridade para chegar mais forte na disputa de 2026, o presidente Lula poderá precisar de Kassab.
Hoje, PSD já tem o maior número de prefeitos
Hoje, o PSD já é o partido com maior número de prefeitos. Governa 968 municípios, e as projeções são de que deverá sair mais forte depois do pleito de outubro. Kassab, quando fundou o partido, já dizia que ele não pretendia ser nem de esquerda nem de direita. Seu projeto era desbancar o MDB, que se proclamava “o partido da governabilidade”. Conseguiu. Tornou-se maior que o MDB. Certamente se espelha em ser o que foi antes do golpe de 1964 o antigo PSD, o partido que garantia estabilidade a qualquer governo. O partido que a cientista política Lucia Hippolito chamava de “a maior escola de política que o Brasil já teve”.
Na embolada que elegeu Jânio Quadros, a UDN uniu-se ao PTN. Na época, não havia chapa e se podia votar em um vice de outra coligação. Jânio virou presidente e João Goulart, do PTB, vice. Pela primeira o PSD não era governo. Logo depois, a democracia acabou.
De uma forma mais pragmática que a do velho PSD, Kassab parece formar um partido pronto a ser governo seja qual governo for. Consegue, assim, a proeza de estar na base de Lula e ao mesmo tempo no governo de São Paulo, com Tarcísio de Freitas.
Mais do que simplesmente estar no governo de quem provavelmente será o adversário de Lula em 2026. Kassab ocupa uma das principais secretarias do governo de Tarcísio, a Secretaria de Governo e Relações Institucionais. Um pé em cada canoa, a faca e o queijo na mão.
É uma condição que lhe permite apontar o nariz para onde o vento soprar. Pode ir com Lula. Pode ir com a oposição. Ou pode seguir com um pé em cada canoa, como está hoje. E, nesse caso, tudo indica que seu pé na canoa de Lula deverá ser Eduardo Paes.