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Mercado de carbono: estamos perdendo tempo e dinheiro

Publicado por: Rudolfo Lago | 25 jul 2024

Na escala planetária, 50 anos significam muito menos do que daqui a pouco. Significam um momento seguinte, muito brevemente. Algo que muitos de nós verá acontecer e sentir seus efeitos. Um estudo da Nasa divulgado na terça-feira (23) acende esse alerta alarmante. Em 50 anos, diversas áreas do planeta Terra se tornarão completamente inabitáveis. E, entre essas regiões, estão diversas do Brasil, aquelas que combinam altas temperaturas com clima árido. É importante lembrar que a própria capital brasileira, Brasília, é uma região com essas características. “Paramos de falar de um tempo futuro, distante, que temos que tentar evitar. Nós começamos a falar de agora”, comenta o deputado Aliel Machado (PV-PR).

Carbono

Aliel foi o relator na Câmara do projeto que regula o mercado de crédito de carbono. Que se encontra agora completamente parado no Senado, sem sequer ter tido designação do relator. “Estamos perdendo um tempo que não temos para tomar medidas concretas”.

Dinheiro

“Desde 1992, na Conferência do Rio de Janeiro, tentamos sensibilizar as pessoas. Houve algum avanço. Mas, de um modo geral, fracassamos”, avalia Aliel. “Se o que move essas pessoas é o dinheiro, é a partir da possibilidade de ganhar dinheiro que temos que falar”.

Numa conta grosseira, R$ 2 bi por ano só na Amazônia

Numa conversa recente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Aliel fez uma conta grosseira da possibilidade de ganho apenas para o governo federal. A Amazônia tem 400 milhões de hectares, dos quais R$ 100 milhões são da União. Cada tonelada de oxigênio emitido corresponde a um crédito de carbono. Em média, cada hectare produz 30 mil toneladas. “Vamos reduzir isso a uma estimativa bem mais modesta: 2 mil toneladas por hectare”, sugeriu Eliel. “Nós estamos falando de R$ 2 bilhões em créditos de carbono negociáveis por ano”. Segundo Eliel, Haddad iniciou a conversa crítico. Teria terminado entusiasmado.

Privados

O projeto prevê crédito para proprietários privados. E esse é um dos pontos polêmicos. Governadores dos estados que têm áreas grandes de florestas, especialmente a Amazônia, têm defendido que valha o que acontece com os minerais. Aliel defende o contrário.

Árvore

No entender de Aliel, o oxigênio é produzido pela árvore, no processo de fotossíntese. Se o proprietário do terreno onde está a árvore é dono dos frutos que ela produz, por que deveria ser diferente com o oxigênio produzido pela mesma árvore? Isso pode ser um incentivo.

Pressão

Incentivo especialmente para povos originários e assentados, pensa Aliel. Junta-se a isso a pressão internacional. “Os países da Europa não têm mais áreas preservadas. Precisam compensar suas emissões de carbono. Investir para que aqui a floresta permaneça de pé”.

Verde

Quando se abre, por exemplo, o aplicativo do Uber, já é possível encontrar ao lado de alguns automóveis um selo verde. Significa que ele é carbono zero. Diversas empresas seguem o modelo. “Aumenta o interesse em se associar a essa ideia. É outra vertente”.

Rudolfo Lago