Publicado por: Rudolfo Lago | 16 jul 2024
As festas que marcaram a última semana na Câmara dos Deputados antes do recesso indicam que os dois nomes mais vivos na disputa parecem ser os baianos Elmar Nascimento (União-BA) e Antônio Brito (PSD-BA). Os dois fizeram festas na semana passada para testar suas candidaturas. Caros e chiques convescotes com direito a camarões e shows de música. Brito levou o sambista Dudu Nobre e a cantora Gilmelândia. Elmar prestigiou seus convidados com o axé da Timbalada. Provavelmente, em termos proporcionais, é a eleição mais cara do país. Não deve haver gasto igual para uma população de somente 513 eleitores. E é mesmo de se questionar um processo tão caro para algo que deveria bastar algumas conversas.
As duas festas apontam que os dois baianos estão parelhos no páreo. E parecem ter deixado para trás outros nomes na disputa, como o vice-presidente da Câmara, Marcus Pereira (Republicanos-SP). Brito, o nome do governo. Elmar, o nome de Lira. Mas ambos os apoios velados.
Como já dissemos por aqui, a essa altura nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), têm poder suficiente para impor o nome da sua preferência. A escolha vai obrigar uma grande negociação entre os dois.
Lira foi às duas. O governo mandou representantes
Por essa razão, tanto Lula quanto Lira fizeram questão de prestigiar as duas festas. Na avaliação dos aliados de Antônio Brito, a presença de Lira na sua festa foi um trunfo, vista como um sinal de enfraquecimento de Elmar. Mas, no dia seguinte, era Elmar quem exibia um trunfo: o ministro da Casa Civil, Rui Costa foi à sua festa, e não esteve na festa de Brito. Nove ministros na festa de Brito, incluindo Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. Onze ministros na festa de Elmar. Outro trunfo: o vice-presidente Geraldo Alckmin. Para alguns, o esforço do governo de não parecer tão inclinado a apoiar Brito acabou fortalecendo Elmar.
É o efeito Eduardo Cunha. Quando ele foi eleito presidente da Câmara, a então presidente Dilma Rousseff mergulhou de cabeça na candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Chinaglia foi fragorosamente derrotado. E Cunha tornou-se um presidente de oposição.
No Palácio do Planalto, a avaliação é que tanto Brito quanto Elmar são de partidos da base do governo. Ainda que não muito, admitem. Assim, a estratégia é manter proximidade com as duas candidaturas para não cometer o erro da aposta errada de Dilma.
Especialmente porque em ambas as festas esteve também o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Da mesma forma, Valdemar tem dito que não pode agora cometer o erro que cometeu na última eleição do Senado, que elegeu Rodrigo Pacheco.
Na ocasião, o PL lançou candidato Rogério Marinho (RN). Perdeu e, por isso, ficou fora da Mesa do Senado, sem cargo algum. A moral da história é que, a essa altura, o próximo presidente da Câmara faz acordos tanto com o governo quanto com a oposição.