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Apesar de Pacheco, CCJ quer votar PEC do BC

Publicado por: Rudolfo Lago | 9 jul 2024

Apesar de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ter pregado o adiamento para permitir uma discussão maior, os senadores do campo mais à direita passaram a terça-feira (9) articulando para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a autonomia do Banco Central seja votada nesta quarta (10) na Comissão de Constituição e Justiça (CC). A despeito da posição de Pacheco, a PEC permanece na pauta da CCJ. E os senadores apostam na possibilidade de vitória. Eles contabilizam 13 votos a favor, se todos estiverem presentes. Uma vitória apertada, mas possível. É por isso que o governo trabalha intensamente por um novo adiamento. Na mesma linha, trabalhou o Sindicato do Banco Central (Sinal), que convenceu Pacheco a defender um tempo maior de discussão da proposta.

Divisão

Na verdade, entre os funcionários há uma divisão. Enquanto o Sinal é contra, a Associação Nacional dos Analistas do Banco Central (ANBC) é favorável à ampliação da autonomia, conferindo também a independência administrativa e financeira à instituição.

Alcolumbre

O presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União-AP), sofre pressão dos dois lados. E na terça articulava-se mesmo uma operação para que ele faltasse à sessão de quarta. Nesse caso, a CCJ seria presidida pelo vice, Marcos Rogério (PL-RO), de oposição e favorável à PEC.

Governo tenta adiar, para não dar vitória a Campos Neto

Mesmo do exterior, onde viaja de férias, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, articulou a votação, falando com senadores. E é especialmente esse o motivo pelo qual o governo trabalhou o adiamento. Não quer dar a Campos Neto uma vitória, diante das críticas que seguidamente lhe faz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quem avalie que, concluído o mandato do atual presidente do BC, o governo nem seria assim tão contrário à PEC. No mercado, inclusive, iniciou-se uma especulação no sentido de Lula indicar logo no início do segundo semestre o sucessor no banco. O mandato do atual presidente do Banco Central termina no dia 31 de dezembro.

Galípolo

Como o novo nome precisa ser sabatinado e aprovado no Senado, defende-se a escolha logo para iniciar o processo. No caso do mercado, desde que seja mesmo Gabriel Galípolo. Com relação a ele, não há oposição. Mas há uma desconfiança de que Lula pode surpreender.

Experiente

Lula andou ventilando que o sucessor de Campos Neto poderia ser um economista mais “experiente”. Esse não seria o caso de Galípolo, que tem 42 anos. A fala de Lula iniciou uma especulação de que poderia vir a ser Henrique Meirelles, que está com 78 anos.

Meirelles

Meirelles, que já presidiu o banco e já foi ministro da Fazenda, não seria um mau nome também para o mercado. O problema poderia haver se Lula sacasse um outro nome da manga, desenvolvimentista, que não seguisse a linha que esperam para a política monetária.

PEC

Quanto à PEC, se for aprovada na CCJ, já se prevê um caminho longo no plenário. Precisam haver cinco sessões anteriores de discussão. Em agosto, estão previstas somente seis sessões. E a votação é em dois turnos. A expectativa é de conclusão só depois das eleições.

Rudolfo Lago