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A esquerda aprendeu a se unir?

Publicado por: Rudolfo Lago | 8 jul 2024

Enquanto os partidos de esquerda se uniam na França e conseguiam uma inesperada vitória, com as devidas proporções acontecia em Brasília um movimento semelhante de unidade. No sábado (6), a executiva nacional do Cidadania destituía do comando do partido no Distrito Federal a deputada distrital Paula Belmonte e colocava em seu lugar o ex-governador Cristovam Buarque. Prestigiavam a posse de Cristovam o vice-presidente do PT local, Vilmar Lacerda, e o presidente do PV do DF, Eduardo Brandão. Era o embrião de uma aliança que pode vir a ter novamente o hoje presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, como candidato a governador no Distrito Federal.

Unidade

“A semelhança está aí. No sentimento de unidade”, disse Cristovam ao Correio Político. Uma antiga piada costuma dizer que “a esquerda só se une na cadeia”. Talvez o avanço da direita no mundo comece a produzir uma mudança nesse sentido. Foi o que aconteceu na França.

Direita

“Se ficarmos divididos, a direita ganha”, resume Cristovam. Há ainda grandes diferenças entre o novo presidente do Cidadania e o PT, do qual fez parte. A militância não o perdoa por, entre outras posições, ter votado a favor do impeachment de Dilma Rousseff.

“Temos divergências. Mas não podemos ter ódio”

Em uma padaria há alguns dias, Cristovam conversava com um amigo do PT, quando chegou um grupo de militantes do partido. O amigo petista provocou: “Vocês anistiaram a Simone Tebet, o Renan Calheiros e o Jader Barbalho. Quando irão anistiar o Cristovam?” O amigo referia-se a outros parlamentares que também foram favoráveis ao impeachment. “Não sei quando a militância me aceitará. É notório que tenho divergências com Lula e o PT. Mas nós pertencemos à mesma família: a família da esquerda”, disse Cristovam. É nesse sentido que ele aceitou voltar à prática política presidindo o Cidadania do DF.

Antigo

“Precisamos criar novos modelos para a esquerda, para os novos desafios atuais do planeta. E não dá para ficar só no campo das ideias. Se não, é só filosofia”. Para Cristovam, a esquerda perde espaço no mundo porque precisa se modernizar. Seu discurso ficou antigo.

Modelos

Voltando à associação com o que acontece na França, Cristovam prega a necessidade de revisões no discurso e na prática da esquerda. Ele observa que, por exemplo, o programa dos vencedores na França não aborda a questão dos imigrantes no país.

Desafios

“Essa é o maior problema hoje na Europa, e não é abordado”, comenta. Para Cristovam, “não dá mais para prometer carro ou picanha para todo mundo”. O tempo atual, considera, “não é um tempo de fartura”, e exige uma nova compreensão, com um novo discurso.

Bolsa

Idealizador do Bolsa-Escola, Cristovam defende a criação de uma “Bolsa Internacional” para reduzir os movimentos migratórios. “Nós precisamos criar modelos que fixem a pessoa no seu país. Para que não precise ir para a Europa ou pular o muro dos Estados Unidos”.

Rudolfo Lago