Publicado por: Rudolfo Lago | 7 jul 2024
Balneário Camboriú parece mesmo o cenário ideal para a realização de um encontro de direita. É lá que se reúnem no fim de semana o ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Argentina, Javier Milei, e outros próceres do pensamento conservador. Bolsonaro teve quase 70% dos votos em Santa Catarina. Na pandemia, a adesão aos aconselhamentos exóticos no combate à covid-19 chegou a ser cogitada para um recente surto de sarna: o uso excessivo de ivermectina teria aumentado a resistência do ácaro que causa a sarna – não há comprovação. A especulação imobiliária faz com que o sol desapareça da faixa de areia da praia. Enfim, o reduto das teses negacionistas recebe a Cepac, maior encontro de conservadores do planeta. Mas dali a direita pressionará Lula e as eleições deste ano.
Lula tem intensificado a sua agenda de viagens pelo país. O que acontecerá este ano nas eleições municipais baliza o que poderá vir a ocorrer daqui a dois anos, quando Lula tentará a reeleição certamente contra um nome vindo da direita. Seguirá o FlaXFlu político.
Novas pesquisas do Datafolha divulgadas apontam para como anda a disputa. Em São Paulo, segue o empate entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro, e o deputado Guilherme Boulos (Psol), apoiado por Lula. Mas Nunes agora aparece à frente.
Recife poderá produzir a vitória mais acachapante
São Paulo é uma incógnita. As chances de Boulos estão claramente relacionadas a uma divisão dos votos à direita, por conta das candidaturas de José Luís Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB). Essas candidaturas irão até o fim? Não indo, a tendência é que esses votos se concentrem em Nunes. Um alento vem de Recife. O prefeito João Campos, do PSB, deverá ter a mais acachapante de todas as vitórias nesta eleição municipal. Na sua busca por reeleição, o prefeito aliado do vice-presidente Geraldo Alckmin aparece com 75% das intenções de voto. As duas pesquisas apontam para mais um desafio as chances não são do PT, são de aliados. O PT terá de rever sua tradição hegemônica.
Lula intensifica a sua campanha. Mas tomando todos os cuidados para não ultrapassar os limites depois que tomou uma multa no Dia do Trabalhador. Em São Paulo, ele pediu votos para Boulos num evento esvaziado com sindicalistas. R$ 25 mil a menos no seu bolso.
Na semana passada, ao anunciar o Plano Safra, Lula foi em seguida à Praça dos Três Poderes, onde havia um grande número de manifestantes ligados à agricultura familiar. Grandes caixotes com frutas e legumes. Lula animou-se. E a torcida se animou com a sua presença.
Logo, a turma estava cantando a plenos pulmões: “Olê, olê, olá, Lula, Lula!”. Foi o suficiente para que a segurança do presidente começasse a agir para tirá-lo rapidamente do local. Talvez proteção, mas o temor maior foi de que fosse interpretado como campanha antecipada.
Já em Balneário Camboriú, Bolsonaro chegou com o peso de dois indiciamentos pela Polícia Federal. Um problema? Talvez para a conquista de eleitores indecisos. Junto à sua militância, ele é vítima de perseguição política. E essa é a estratégia adotada a cada revés.