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Galípolo entra no rolo sobre autonomia do BC

Publicado por: Rudolfo Lago | 2 jul 2024

Cotado para suceder Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, não parece no momento preocupado em evitar trombadas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Galípolo foi indicado para a diretoria por Lula. E esperava-se que atuasse para equilibrar as posições de Campos Neto que Lula tanto critica. Mas primeiro, ele votou na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a favor da manutenção da taxa de juros, apesar de todos os protestos de Lula. Agora, Galípolo manifesta-se a favor da ampliação da autonomia do Banco Central. O presidente já acha ruim a atual autonomia, quanto mais maior. O BC já tem autonomia operacional.

“Evolução”

Proposta em discussão no Senado dá também autonomia administrativa e financeira. Galípolo manifestou-se a favor em um evento na sexta-feira (28) organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Disse que a autonomia é uma “evolução institucional”.

Mercado

“Quem quer o BC autônomo é o mercado”, rebate Lula, também em entrevista. Lula critica o banco e seu presidente. Então, o dólar oscila, a bolsa cai. Enfim, nesse ponto, o presidente está certo: o mercado quer mesmo o BC autônomo. Mas a briga gera consequências.

Autonomia entra na pauta da CCJ esta quarta

No evento da Fundação Getúlio Vargas, Galípolo foi em linha semelhante ao que diretores do banco têm usado ao conversar com senadores no lobby que fazem pela autonomia, como mostrou o Correio Político na semana passada. Disse que a interpretação a respeito do tema está equivocada e precisa de esclarecimentos. Galípolo disse que a autonomia não é algo “contra a sociedade” ou ao “processo democrático”. O rolo em torno do tema promete novos capítulos esta semana. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pautou o tema da autonomia do Banco Central para esta quarta-feira (3).

Galípolo

Se tais posições enfraquecem as chances de Galípolo suceder Campos Neto, Lula não deu indicações. Após a decisão do Copom, Lula fez elogios ao diretor que indicou. Há quem afirme que Lula faz um jogo duplo: joga para a plateia, mas entende o jogo técnico.

Jogo

Por essa avaliação, o presidente faria críticas para agradar à sua militância. Mas saberia que, para além da vontade política, há questões técnicas a observar. Daí, porém, a aceitar ainda mais autonomia para a autarquia presidida por Campos Neto, vai boa diferença.

PEC

O BC tem autonomia operacional desde o governo Jair Bolsonaro. Na prática, significa que o presidente tem um mandato que começa com um governo e termina em outro. A PEC amplia: o banco teria independência para lidar com seus recursos, como uma empresa.

Vista

A expectativa é que o governo, então, tente ganhar tempo na discussão da PEC esta semana. Alcolumbre colocou na pauta. Mas mesmo os que são favoráveis à proposta acreditam que o governo pedirá vista e tentar adiar a discussão para o próximo semestre.

Rudolfo Lago