Publicado por: Rudolfo Lago | 3 set 2024
No fatídico dia 8 de janeiro de 2023, o momento em que o então secretário-executivo do Ministério da Justiça resolveu descer do prédio para coordenar as ações de uma Polícia Militar sem comando foi um divisor de águas na vida de Ricardo Cappelli. Na sequência, ele tornou-se interventor e o Distrito Federal entrou definitivamente em seu caminho. Um novo desvio para o carioca que hoje preside a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Associado ao primeiro, quando deixou o Rio para ser secretário de Comunicação do governo do Maranhão com Flávio Dino, e se aproximou do hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que o levou para a Justiça. As consequências desse novo desvio Cappelli revela ao Correio Político.
Cappelli revela que já trabalha com afinco para vir a ser opção como candidato de união dos partidos aliados ao governo Luiz Inácio Lula da Silva em oposição à candidatura de direita que sair do grupo do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
“O PSB está me estimulando a entrar na disputa”, disse Cappelli. “Ainda há muito tempo. Mas acho que temos bom espaço para construir uma frente, unindo não apenas a esquerda, mas também o centro democrático”, completa. “Estou animado”, conclui.
Aposta de que direita irá rachar no DF
Observando o que acontece agora em São Paulo com a ascensão de Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Cappelli aposta que a direita acabará rachando no DF, incapaz de formar uma única frente ampla como articula. “Como acontece em São Paulo, onde o bolsonarismo mais radical não aceita apoiar Ricardo Nunes [o atual prefeito, do MDB, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro], creio que o mesmo acabará acontecendo em Brasília”, avalia o presidente da ABDI. A vice-governadora Celina Leão (PP) é a aposta para suceder Ibaneis Rocha, numa frente ampla. “Não acredito que o bolsonarismo irá com Celina”, diz Cappelli.
O primeiro fator que pode empanar esse acerto, imagina Cappelli, é a senadora Damares Alves (PL). “Se ela quiser sair para o governo, implode a articulação”, avalia. Damares já se tornou senadora assim, implodindo o acerto que havia em torno de Flávia Arruda.
Da mesma forma, Cappelli não descarta que o bolsonarismo raiz queira ter como nomes para o Senado Michelle Bolsonaro e a deputada Bia Kicis (PL), que, inclusive, já declarou a pretensão. “Nesse caso, não sobra vaga para Ibaneis”, completa. O plano de Ibaneis é o Senado.
E ele ainda elenca outros nomes que também se movimentam, como o senador Izalci Lucas, que trocou o PSDB pelo PL, e o deputado Fred Linhares (Republicanos), com o peso da sua popularidade como apresentador de rádio e TV. “Há muita pretensão e pouca vaga”.
Por outro lado, a unidade da esquerda, que nos últimos anos perdeu muito espaço no DF, seria uma necessidade. “O sapo não pula por boniteza. O sapo pula por precisão”, diz Cappelli, citando a frase de Guimarães Rosa em seu livro de contos “Sagarana”.