Publicado por: Rudolfo Lago | 30 ago 2024
Dois nomes neste momento são os mais cotados para serem os relatores da indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central: o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ou o vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Ângelo Coronel (PSD-BA). São dois perfis bem diversos. E isso não é por acaso. A escolha irá depender de como avançarem as negociações com o Senado que, neste momento, como já contamos aqui na quinta-feira (28), não andam muito boas. Se tudo for bem conduzido, a relatoria fica para Wagner, que seria, assim, um representante do próprio governo. Se a coisa desandar, fica para Coronel, mais independente, representante dos próprios senadores.
Há problemas com o nome de Galípolo? Com ele, pessoalmente, não há problema. Mas há problemas com a condução do processo. Os senadores acham que o governo tenta impor a indicação goela abaixo. E estão colocando na conta diversas coisas.
O governo já entendeu que, evidentemente, não daria para marcar a sabatina já para a próxima terça-feira (3), como chegou a pensar. Mas continua pressionando para que ela aconteça na semana seguinte, de 10 de setembro, quando haveria sessão presencial.
Problemas agora envolvem as emendas orçamentárias
Como contamos aqui, há primeiro um problema com a liturgia. Os senadores não querem abrir do tradicional beija-mão, no qual o indicado percorre os gabinetes pedindo a benção. Momento de uma conversa no silêncio dos gabinetes, onde sabe-se lá o que se negocia. Mas há outros problemas. E o último deles envolve o acerto sobre como ficarão as emendas orçamentárias. Os senadores não gostaram de algumas ideias que o governo lançou sobre o novo modelo proposto, que retiraria poderes da destinação da mão dos parlamentares para os governadores. Muitos deputados e senadores são adversários locais dos governadores.
Há outras queixas sobre acordos quebrados. A CAE, por exemplo, queixa-se de ter sido atropelada na discussão da reforma tributária, quando o governo designou relator sem que o tema passasse por ela. Por isso, Vanderlan não pretende se mover.
O presidente da CAE tem comentado que ele mesmo não irá marcar a sabatina. E acha que o governo deveria ter conversado e combinado os termos e a dinâmica de tudo com ele. Mesmo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estaria insatisfeito.
Se Vanderlan queixa-se de não ter havido conversas mais detalhadas com ele, que conduz a sabatina, do mesmo queixa-se o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O anúncio de Galípolo, feito pelo ministro da Fazenda, Fernand Haddad, aconteceu sem conversa prévia.
Ou seja, ainda que não haja problemas relacionados a Galípolo, todas essas questões provavelmente farão o Senado cobrar um preço caro para, primeiro, marcar a sabatina e, segundo, aprovar sem maiores problemas o novo presidente do Banco Central.