Comunicação além da mídia
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De um modo geral, a avaliação que os integrantes do governo desejam passar é a de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiu rápido ao demitir Sílvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos. Mas o que, na verdade, muitos comentam nos bastidores é que Lula teria tido, no caso, oportunidades de ter agido antes e evitado um escândalo que, mesmo agora, muitos avaliam com imenso potencial de desgastar o governo, os discursos e as estratégias da esquerda. O primeiro caso de assédio sexual do agora ex-ministro tendo como vítima a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco – primeiro, porque há a possiblidade de ter havido outros – foi em maio do ano passado. Algumas pessoas do entorno do presidente sabiam.
Entre os que sabiam, a primeira-dama, Janja da Silva. Anielle comentou o incômodo por que passava a pessoas do governo com quem tinha mais intimidade. Se entre elas estava a esposa do presidente, difícil, então, imaginar que Lula só tenha ficado sabido agora.
Ao saber, Lula poderia ter chamado Sílvio Almeida e convidá-lo a sair alegando alguma questão pessoal. Teria, assim, tomado uma ação antes que o escândalo viesse à tona. Agora, ainda que o caso viesse a ser conhecido, os efeitos sobre o governo seriam bem menos danosos.
Houve tentativa de evitar desgaste para o governo
Na reunião que teve na qual confirmou os casos de assédio, Anielle explicou que havia um constrangimento entre todos os que sabiam, porque sua intenção não era formalizar uma denúncia para que isso não produzisse desgaste para o governo. O problema é que isso deixou por esse tempo todo a possibilidade de escândalo pairando no ar. Até porque, segundo apurou o Correio Político, há quem desconfie que outros episódios aconteceram. No primeiro, o ministro teria tocado a perna de Anielle, lhe dado beijos e dito coisas inconvenientes. Mensagens trocadas entre Sílvio Almeida e Anielle indicam a possibilidade de novos episódios.
As mensagens foram divulgadas pelo site Meio. O assédio aconteceu em reunião no Ministério da Igualdade Racial. Mas em uma mensagem, Sílvio Almeida comenta: “Eu não estava bêbado quando conversamos ontem no avião do PR… rsss”. PR é Presidente da República.
Em outro momento, Sílvio Almeida faz um elogio a um “vestido” em alguma ocasião usado por Anielle Franco. “Somos lindos, Anielle”, diz o ex-ministro. “E esse seu vestido é deslumbrante”, prossegue. Tais mensagens foram trocadas em setembro do ano passado.
Quando o caso se tornou público, Lula agiu rápido. E teria sido duro com Sílvio Almeida. Mas se tudo já era de alguma forma conhecido, uma providência poderia ter sido tomada. Pode ter se repetido um tipo de inação de Lula em seu terceiro governo que incomoda.
O governo sangra praticamente desde o seu início com as denúncias contra o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Ele já foi indiciado pela Polícia Federal no caso do desvio de emendas parlamentares destinadas a Vitorino Freire (MA), onde sua irmã, Luana, é prefeita.
