Publicado por: Rudolfo Lago | 5 set 2024
Como adiantamos aqui no Correio Político, a aprovação de Gabriel Galípolo para o Banco Central deverá ficar mesmo para depois das eleições. Na quarta-feira (4), o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), adiantou-se e anunciou que será ele mesmo o relator. Mas mesmo a sabatina antes da eleição, avalia-se no Senado que será algo improvável. Além dos impedimentos técnicos, muito disso acontece porque o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não anda nada satisfeito com o governo e como as coisas estão se desenrolando. Ele admitiu fazer a sabatina antes da eleição. Mas está incomodado porque diversas coisas que vinha articulando não estaria andando por desinteresse e desarticulação.
Assim, Pacheco ajudou a esvaziar o Senado na quarta-feira como reação. Ele teria um encontro com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, para receber a proposta de orçamento para o ano que vem. Cancelou a reunião duas vezes alegando problemas de agenda.
Pacheco esperava conduzir o processo de realização da sabatina de Galípolo. Não aconteceu. Nem foi previamente informado quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, oficializou a indicação do sucessor de Roberto Campos Neto. Sentiu-se atropelado.
Recados da Câmara chegaram ao Senado
A movimentação na Câmara que parece ter implodido a candidatura do líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), o nome preferido por Arthur Lira (PP-AL) para sucedê-lo, bateu como um alerta no Senado. Mostrou que, mal ou bem, o governo tem certo poder quando se movimenta. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (União-AP), pode parecer mais favorito no Senado, mas sua eleição não seria jogo jogado. Até porque há um nome mais fiel ao governo que começa a se movimentar: a senadora Eliziane Lins (PSD-MA). Tudo isso levou o Senado a desacelerar e adiar também seus próximos passos.
Com receio dos movimentos da Câmara, Alcolumbre adiou na sessão da CCJ da quarta também a discussão da PEC que aumenta a autonomia do Banco Central para depois da eleição. Na prática, porém, só havia sete senadores presentes. Não se avançaria.
Além da sensação de atropelo, o ponto principal da decisão de adiar a reunião com Simone Tebet foi a indefinição que permanece em torno da questão sobre as emendas orçamentárias e como torná-las mais transparentes. Mas Pacheco tem outras reclamações.
Processos que Rodrigo Pacheco vinha conduzindo diretamente acabaram ficando paralisados, o que também o incomoda. Especialmente a questão da renegociação da dívida dos estados. Importante para ele, porque envolve especialmente Minas Gerais.
Parecida a situação a respeito da desoneração da folha de pagamento. Pacheco conduzia a busca da solução para compensar a perda de arrecadação. A discussão também está paralisada. Por tudo isso, Pacheco estaria aborrecido com o governo. E adiando tudo agora.