Desde 2016, os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) estão presos a um compromisso lavrado em ata. Trata-se de algo batizado como “Silêncio do Copom”. Por esse compromisso, quem participa das reuniões do comitê fica proibido de tratar publicamente de qualquer assunto discutido na reunião da quarta-feira anterior a ela até a publicação da ata da reunião, que costuma sair uma semana depois. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de setembro. Isso significa que Gabriel Galípolo só poderia vir a ser sabatinado no Senado na próxima terça-feira (10). Do contrário, sua sabatina só poderia acontecer depois do dia 24. Mais um problema para a pressa demonstrada pelo governo.

Eleições

No Senado já começa a crescer a impressão de que a análise só venha mesmo a acontecer depois do primeiro turno das eleições, marcado para 6 de outubro. “No dia 10, não dá tempo”, reagiu o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA). A janela fica, então, apertada.

Almoço

Galípolo faz o tradicional beija-mão entre os senadores. Na terça-feira (3), almoçou no gabinete de Otto Alencar com a bancada do PSD. Ali, segundo Otto, não deverá haver problema. A não ser que o governo queira atropelar prerrogativas do Senado. Esse é o ponto que pega.

Para Senado, governo está sendo inábil e atropelando

O problema no Senado é essa sensação de atropelo. De que o governo está querendo marcar pelos senadores a data da sabatina e da aprovação, o que seria uma atribuição do Senado como casa que avalia a indicação e a aprova ou não. A sensação de que isso seria uma mera formalidade reduz a importância que os senadores se dão no processo. Depois de almoçar com a bancada do PSD, Galípolo esteve a sós com o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Vanderlan Cardoso (PSD-GO). E logo depois Vanderlan esteve com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner. O problema é a proximidade das eleições.

Candidato

Vanderlan é candidato à prefeitura de Goiânia. E, direta ou indiretamente, todos os senadores estão envolvidos nas eleições municipais. Acham, portanto, complicado sabatinar Galípolo numa data tão próxima do pleito. Dia 24 é uma semana antes da semana da eleição.

Ambiente

Há, porém, outros problemas que contaminam o ambiente para a sabatina. No caso específico de Vanderlan, a indicação sobre três temas: a PEC da autonomia do Banco Central, o decreto sobre clubes de tiro, e a questão das emendas orçamentárias, que afeta a todos.

Banco Central

Vanderlan é o autor da PEC que aumenta a autonomia do Banco Central. O relatório do senador Plínio Valério (PSDB-AM) já está pronto. Mas não há definição sobre quanto será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O governo adia a discussão.

Tiro

Outro ponto é a discussão da regulamentação dos clubes de tiro. Um decreto legislativo alterou decreto do governo que proibia os clubes próximos de escolas. O governo agora trabalha outro texto. A questão é central no debate em Goiás, onde há muitos clubes de tiro.