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Orçamento, crônica de um escândalo anunciado

Publicado por: Bruno Lago | 18 set 2024

Ninguém deveria ficar surpreso. Na manhã desta terça-feira (17), a Ptocuradoria-Geral da República denunciou três deputados federais por suspeita de participarem de um esquema de desvio de recursos de emendas ao orçamento. Os três deputados, todos do PL, foram denunciados por suspeita de corrupção e participação em organização criminosa. Não vai aqui nenhum pré-julgamento dos três deputados, Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE), que terão a chance de se defenderem. Mas quem acompanha o Correio Político já leu mais de uma vez os alertas: a iminência de um novo escândalo do orçamento é algo evidente. Hoje, é impossível se determinar quanto vem sendo desviado.

Caminho

Se isso pode lançar suspeitas sobre destinações legítimas, por outro lado é caminho mais do que certo para quem deseja desviar e colocar dinheiro público no bolso. Nas emendas Pix, não há na maioria dos casos detalhes do autor, da finalidade e do destino.

Secreto

Ou seja, na prática, o orçamento secreto continuou. E, do ponto de vista político, o orçamento secreto não faz sentido. Se um parlamentar destina recursos para a sua base, deseja fazer alarde disso. Se prefere não fazer, há algo de muito suspeito nessa atitude.

Congresso cada vez mais atua só em benefício próprio

A forma como hoje o Congresso lida com a questão orçamentária é um dos fortes indícios de que deputados e senadores parecem cada vez menos preocupados com os anseios do povo que os elegeu e mais integrados na manutenção dos seus próprios interesses, sejam os dos seus projetos políticos ou, o pior, aqueles que não confessam publicamente. A forma como os parlamentares têm destinado dinheiro às bases não parece contar com o apoio da população. Pelo menos é o que demonstra o Monitor do Debate Político, uma ferramenta do Instituto de Estudos Sociais e Pesquisas (Iesp) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Aplausos a Dino

Segundo a ferramenta, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino de suspender as emendas Pix teve forte apoio de todos os segmentos pesquisados. Todos eles apoiaram, na maioria a ideia de que o uso da verba pública tem de ser transparente.

Grupos focais

A ferramenta do Iesp-Uerj monitora temas a partir de grupos focais que são moderados via WhatsApp. Há ali, então, discutindo, os “bolsonaristas convictos”, os “moderados bolsonaristas”, os “flutuantes”, os !ulodescontentes” e os “lulistas convictos”.

Segmentos

Vai-se, então, daqueles que radicalmente são contrários a tudo do atual governo até aqueles que são a favor de tudo, passando pelos críticos e apoiadores moderados. Ninguém, grupo nenhum, apoia dar carta branca ao Congresso para dispor da verba orçamentária.

Conspiração

No máximo, alguns opositores radicais levantaram que Dino poderia estar numa conspiração para aumentar o poder orçamentário do governo. Mas, de um modo geral, a pesquisa revela condenação. O orçamento é um escândalo anunciado, prestes a estourar.

Bruno Lago