Publicado por: Rudolfo Lago | 16 set 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava em Araraquara quando os três prédios da República foram invadidos no fatídico 8 de janeiro de 2023. O município paulista é a cidade administrada por Edinho Silva, que deve vir a ser o secretário de Comunicação da Presidência ao fim do mandato. O PT tem grandes chances de permanecer à frente de Araraquara, com Eliana Honain. Se isso acontecer, ao seu lado estará, como vice-prefeito, Delorges Mano, do MDB. O caso de Araraquara é citado por emedebistas como exemplo de que hoje é praticamente impossível o partido abandonar Lula e se bandear para o lado de Tarcísio de Freitas, do Republicanos, mesmo com uma eventual vitória de Ricardo Nunes em São Paulo.
Em seus cálculos, o MDB tem a perspectiva de ultrapassar o PSD em número de prefeitos e voltar a ser o partido no comando do maior número de municípios do país. E em muitos lugares o PT apoia emedebistas. Ou vice-versa. Araraquara não é o único exemplo.
Avaliação é que Tarcísio preferirá a reeleição
Os caciques do MDB hoje apostam que Tarcísio, especialmente se de fato ajudar a reeleger Ricardo Nunes na capital paulista, irá preferir uma confortável reeleição como governador à arriscada aventura de tentar impedir a reeleição de Lula. E avaliam que é isso o que esperam também os principais aliados de Tarcísio em São Paulo, com exceção, é claro, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Especialmente o PSD. O secretário de Governo de Tarcísio, Gilberto Kassab, sonha em ser o candidato a vice-governador numa eventual chapa de reeleição ao governo estadual em 2026. Não interessa a Kassab ver Tarcísio candidato à Presidência.
Se o MDB rachasse quanto a 2026, há mesmo quem acredite que Lula poderia perder caso houvesse um bate-chapa. Mas essa seria uma disputa tão sangrenta, contrariando fortíssimos caciques do partido, como o senador Renan Calheiros (AL), que não valeria a pena.
E mesmo essa hipótese seria improvável. Pelo peso proporcional dos caciques. O número de delegados na convenção do MDB é definido por um intrincado cálculo que leva em conta a proporcionalidade de cada estado na eleição de vários cargos.
Por esses cálculos, o estado hoje com o maior número de delegados é o Pará. Com o governador Hélder Barbalho, o ministro das Cidades, Jader Filho, e o senador Jader Barbalho, a família domina o estado. O cenário em Belém é incerto, mas Igor Normando (MDB) lidera.
São Paulo vem em segundo na força da convenção. Lá, o domínio é do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi, que está com o governo Lula. O terceiro estado é Santa Catarina. Esse é majoritariamente oposicionista. Mas não seria capaz de reverter o quadro.